Cia Muller de Bebidas investe na redução dos resíduos sólidos
O modelo mais tradicional de economia, chamado de linear, inclui a produção, consumo e descarte. A sociedade tem exigido das empresas uma nova resposta para este ciclo, chamada de economia circular. Um dos principais fatores de modificação é a inovação no processo do descarte, que visa a preservação do ambiente, a sustentabilidade e cidades mais inteligentes.
No Brasil, a cada hora são servidas 374 mil doses de Cachaça 51 em algum ponto do Brasil. Ao final de cada dia são cerca de 450 mil litros vazios, o que equivale a aproximadamente 225 toneladas de resíduos sólidos por dia. A destinação correta do ponto de vista de sustentabilidade é por meio de logística reversa, com o retorno destas embalagens à linha de produção, onde são novamente envasadas e recolocadas no ciclo de consumo.
A Cia Müller de Bebidas, maior produtora de cachaça do mundo, mantém uma complexa operação que inclui coletas em vários pontos do país e o desafio de transportar milhares de vasilhames a granel (deitados um sobre o outro) em caminhões que viajam, da região Norte até a Pirassununga, no interior de São Paulo, sede Cia Müller de Bebidas.

Para chegar ao destino com o máximo de vasilhames aproveitáveis, o segredo é o carregamento. Uma equipe costuma trabalhar de 8 a 10 horas seguidas erguendo enormes pilhas de litros vazios, deitados cuidadosamente um sobre o outro, até ocupar todo o espaço da carroceria do caminhão formando um bloco compacto, capaz de resistir aos impactos e solavancos ao longo de mais de 2.7 mil quilômetros de viagem.
Este sistema, que começou a ser implantado bem antes da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, coloca a Cia Müller entre os principais operadores de logística reversa de embalagem no setor de bebidas destiladas. Dos mais de 400 mil litros de produto, em média, que são envasados diariamente, cerca de 80% das garrafas retornam sucessivas vezes para a linha de envase, correspondendo a 160 toneladas pós consumo que são geradas e que já contam com destino correto. Isto se torna particularmente relevante neste momento em que os fornecedores não conseguem atender à demanda de vasilhames da indústria de bebidas por falta de matéria-prima, e mesmo com a gigantesca operação de retorno a Cia Müller de Bebidas precisa comprar até dois milhões de garrafas novas mensalmente.
Parte dos vasilhames da Cachaça 51 retorna por meio convencional, dentro de engradados apropriados que evitam o atrito entre elas, como é feito com as garrafas das chamadas bebidas frias. Nesta modalidade, cada carregamento comporta 25 a 30 mil vasilhames e é adotado para os percursos menores. Quando se trata de longas distâncias, como o mercado da região Norte e Centro-Oeste, para que a operação seja economicamente viável, é necessário pelo menos o dobro de litros em cada viagem, e neste caso têm de ser a granel, o que torna a operação mais complexa e requer cuidado redobrado.
Pirassununga recebe, em média, 20 carregamentos por dia, provenientes de diversos locais do Brasil, com transporte a granel ou em engradados. Em ambos os casos, o recebimento é seguido de rigoroso controle de qualidade, que utiliza equipamentos específicos de higienização e inspeção para que os vasilhames possam retornar ao ciclo produtivo conforme o conceito de logística reversa.

Indústria Sustentável
O primeiro Acordo Setorial para Implantação do Sistema de Logística Reversa de Embalagens foi assinado em 2015 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos está vigor desde 2010. Mas na Cia Müller, a prática de viabilizar a coleta de resíduos sólidos, como as embalagens, e seu reaproveitamento como insumo na produção, começou muito antes. A base para isto foi a modalidade de venda retornável, em que parte dos 1.500 clientes têm uma espécie de conta corrente de ativos em embalagens, que é alimentada justamente pelo retorno de vasilhames ou caixas.
Logística reversa é apenas uma pequena dose do compromisso da Cia Müller de Bebidas com a questão socioambiental. Desde 2007 a empresa mantém parceria com um fornecedor que hoje recicla 25 mil caixas plásticas garrafeiras que são danificadas anualmente, mas, ao invés de descartadas como lixo são reaproveitadas conforme o conceito de economia circular.
Em todo o processo de produção, desde o plantio da cana, a empresa incorpora avançadas técnicas de reaproveitamento dos resíduos tanto agrícolas como industriais nos próprios processos produtivos, resultando em alto grau de autossuficiência e de baixo desperdício. Tradicionalmente integrada em questões socioambientais, a Cia Müller também desenvolve vários projetos para uma preservação contínua do meio ambiente e uma gestão racional dos recursos naturais como, por exemplo, investimentos na colheita mecanizada, que já atinge 100% da produção; utilização de biomassa na matriz energética, em aproximadamente 97% de geração de energia na planta de Pirassununga; eliminação da queima da palha do canavial; aproveitamento integral dos resíduos líquidos da destilaria para fertirrigação do solo nas áreas de cultivo de cana e utilização de controle biológico no combate a pragas do canavial; e plantio de 43 mil árvores nativas em projeto de reflorestamento para recuperação de áreas degradadas em suas propriedades nos últimos 2 anos. O uso racional da água nos processos industriais também tem relevância na gestão da empresa, tendo sido implementadas diversas ações de reaproveitamento e reuso, garantindo redução expressiva no consumo deste recurso.




