Insônia, pesadelos e bruxismo aumentam na pandemia
A preocupação, o estresse e até a mudança da rotina vividos durante a pandemia são os fatores que têm contribuído para o aumento preocupante de queixas de insônia, pesadelos e de casos de bruxismo.
A insônia, que já era considerada um grave problema de saúde pública, está sendo classificada como “epidemia” na pandemia. Antes da pandemia, tínhamos 15% da população mundial com insônia. Esse número cresceu para 34%”, alerta a médica neurologista Dra. Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono.(Ref.:Sleep problems during the COVID-19 pandemic by population: a systematic review and meta-analysis – PubMed (nih.gov))
Os estudos mostram que as mulheres foram as mais prejudicadas, pois acabaram tendo aumento de demandas, principalmente as que possuem filhos em idade escolar, pois tiveram de associar o trabalho home office com o auxílio nas aulas online, além do aumento das demandas domésticas, causando mais estresse, ansiedade e perda de sono.
“A ingestão de bebida alcoólica também foi um fator que prejudicou a qualidade do sono, comenta a especialista.
Bruxismo na pandemia
O bruxismo do sono (BS) afeta pessoas de todas as faixas etárias. Estudos indicam que o BS ocorre em 14% das crianças, podendo atingir até 40,6% delas, cerca de 8% dos adultos e 3% das pessoas acima de 65 anos1,2,3. Segundo especialistas consultados pela Revista Sono (publicação da Associação Brasileira do Sono), houve um aumento das queixas de bruxismo durante a pandemia do coronavírus, o que pode ser justificado pela intensificação de fatores associados como ansiedade, estresse e insônia.
O BS caracteriza-se por atividades exacerbadas dos músculos mastigatórios que ocorrem durante o sono de forma rítmica (ranger ou bater os dentes) ou não rítmica (apertar os dentes). É considerado um distúrbio de movimento do sono quando está associado a comorbidades, como apneia obstrutiva do sono (AOS), doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e insônia. Vale dizer que 20% da população também relata o hábito de pressionar os dentes durante o dia, fenômeno conhecido como bruxismo de vigília.
Existem várias hipóteses para o aumento do bruxismo do sono na pandemia e a principal delas está relacionada aos fatores emocionais como estresse e ansiedade, situações crescentes durante esse período. “Pessoas que já tinham bruxismo podem ter piorado a frequência e intensidade desse hábito, tanto pela associação com os fatores emocionais como pelo aumento de consumo de alimentos mais gordurosos e pesados que levam a uma maior frequência de refluxo gastroesofágico e ao aumento de peso, predispondo também mais AOS”, analisa Dra. Cibele Dal Fabbro, dentista do Sono e membro da Associação Brasileira do Sono (ABROS).
Estudos mostram que situações como isolamento social, gravidade da COVID-19, incerteza do futuro, mudança da rotina e de hábitos, além do impacto econômico da pandemia são possíveis causas de ansiedade.
Fatores associados ao bruxismo
- Álcool, anfetamina e outras substâncias
- Ansiedade e estresse
- Apneia obstrutiva do Sono
- Depressão
- Doenças neurológicas
- Distúrbios respiratórios
- Fatores genéticos
- Insônia
- Refluxo gastroesofágico
- Tabagismo
Dicas para controlar a ansiedade e dormir melhor
“Primeiramente, o ambiente deve ser propício para iniciar o sono. O quarto deve ser escuro, arejado e silencioso. Além do mais, televisores, celulares, tablets e computadores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar por serem extremamente estimulantes ao Sistema Nervoso Central”, explica o médico otorrinolaringologista Dr. Danilo Sguillar, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS).
Aqui, ele cita 3 dicas:
- Técnicas como Yoga, Meditação ou Mindfulness são extremamente benéficas para relaxamento e embalo do sono.
- Ouvir música calma ou mesmo sons da natureza como queda d’água, barulho de chuva, fogueira queimando podem ser relaxantes e desestressantes.
- Descobrir “pistas”que embalam seu sono. Há quem tome um banho morno e consegue relaxar, há quem ingira um leite quente, chá verde e sente-se mais calmo. Deve-se evitar substâncias cafeinadas próximas à hora de deitar por serem estimulantes. A verdade é que cada indivíduo deve encontrar na rotina, formas de “desligar a mente” para focar no sono. Sono não é opcional, ele deve ser parte integrante do nosso processo fisiológico.
Semana do Sono 2021
A Associação Brasileira está promovendo a Semana do Sono 2021, com ações de lives e webinars nas Redes Sociais. As ações seguem até domingo (21). A programação completa está no site www.semanadosono.com.br