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Carnaval 2020

Comissão Feminina do Carnaval de Rua de SP

A Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo surgiu em agosto de 2019 a partir da necessidade de ampliar a representatividade das mulheres nas discussões e decisões relacionadas à maior festa de rua da cidade.

Foto de Divulgação – Catavento Comunicação

A ampliação da representatividade feminina nas esferas decisórias da organização do Carnaval de Rua era um desejo antigo. Mulheres como Andrea Lago, do Cacique Jaraguá, Silvia Lopes, do Nois Trupica Mas Não Cai, Paula Klein, do Agora Vai, Baby Amorim, do Ilú Obá de Min, e Lira Alli, do Vai Quem Qué, há anos reivindicavam esta maior participação, além de movimentos como o Manifesto Carnavalista e o coletivo Arrastão dos Blocos.

Consolidação
A criação ocorreu dias após uma reunião na Secretaria Municipal de Cultura em que apenas duas mulheres participaram e uma saiu na foto – Juliana Matheus, fundadora do bloco Filhas da Lua e integrante do Jegue Elétrico.

A escassez feminina gerou questionamento no Fórum de Blocos e provocou uma articulação para que finalmente houvesse a criação de um grupo capaz de dialogar diretamente e de forma unificada com a Prefeitura e as secretarias envolvidas na construção do Carnaval 2020.

Foto de Divulgação – Catavento Comunicação

O movimento contou com apoio de Ronaldo Bitello (DX), coordenador geral do Carnaval, que reconheceu a legitimidade da Comissão e possibilitou encontros para ouvir e avaliar a viabilidade de suas propostas com a secretaria de Cultura, de Direitos Humanos, forças de segurança e outras instituições envolvidas na organização da festa.

Em outubro, a Comissão reunia 60 mulheres de cerca de 50 blocos de rua que constroem, juntas, um espaço de proposição de pautas, questionamentos, reuniões, discussões e desabafos sobre a condição feminina que vão além do Carnaval.

Formação
Sendo um desejo antigo e com maior abertura para legitimar essa participação, surgiu a ideia de concretizar o desejo de compor uma Comissão. Além de Juliana Matheus, outras mulheres engajadas em movimentos femininos foram convidadas a fazer parte, como Thais Haliski, da Cerca Frango, Clarice Sá (Cacá), da Bateria de Rua, e Renata Guimarães, da Confraria do Pasmado.

Juntas, entraram em contato com outras mulheres. A ampliação das adesões envolveu participação nos seminários promovidos pela Prefeitura nas cinco regiões da cidade, para formar um grupo diverso e atingir blocos mais distantes do centro expandido. Em menos de 48 horas, mais de 50 mulheres estavam reunidas.

O grupo passou a levantar pautas a serem apresentadas para o poder público, como a distribuição gratuita de água e de camisinha feminina e campanhas de conscientização sobre a Lei Maria da Penha e a lei de importunação sexual.

Com duas semanas de existência, a Comissão participou da primeira reunião com representantes das secretarias de Cultura e de Turismo. No encontro, decidiram criar grupos de trabalho para atuar na viabilização das demandas. Atualmente, há quatro GTs: segurança, redução de danos, comunicação e assédio.

Um dos encontros mais importantes para o grupo foi motivado por uma foliã que durante o seminário de Carnaval da zona Oeste, emocionou os presentes com um relato de agressão por forças policiais. Após o forte testemunho, a Comissão conseguiu provocar uma reunião com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana para debater que fatores influenciam a abordagem no período de festas e como melhorar a relação das forças policiais com participantes para evitar atuações violentas vindas justamente das instituições responsáveis pela nossa proteção.

A Comissão foi também apresentada no final de setembro na primeira reunião oficial das organizações de blocos: Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo (Abasp), União dos Blocos de Carnaval de Rua do Estado de São Paulo (Ubcresp) e o Fórum de Blocos. Este encontro foi marcado pela discussão dos caminhos para a organização do Carnaval 2020 e pela criação de grupos de trabalho dentro do Fórum de Blocos para dialogar com as secretarias envolvidas no Carnaval.

Divulgação – Catavento Comunicação

A Comissão agora prepara a realização de seu primeiro evento. A partir de uma discussão sobre o uso do termo mulata para descrever as passistas e sobre o espaço ocupado por pessoas negras no Carnaval e no samba, as mulheres decidiram promover a roda de conversa Pensando o Espaço das Mulheres Negras no Carnaval. O encontro acontece no dia 8 de novembro, na Casa de Cultura Os Capoeira (Rua Belmiro Braga,186), às 19 horas.

O debate comemorativo ao dia da Consciência Negra terá como mediadora a escritora Bianca Santana, uma das comentaristas da conferência de Angela Davis em São Paulo.

A mesa será composta também por Lyllian Bragança, jornalista, capoeirista e musa da Vai Vai; Cris Blue, do Ilú Obá de Min; Cláudia Alexandre, jornalista; Suelen Moreira da Rocha, presidente da escola Só Vou se Você For; e Silvanny Sivuca, mestra do bloco Me Lembra Que Eu Vou.

A Comissão acredita que o olhar feminino contribui para ampliar a perspectiva de quem produz o Carnaval, apontando novos elementos na luta pela construção de um ambiente mais inclusivo, seguro e acolhedor a todxs, fortalecendo assim a democratização do processo de ocupação do espaço público.

Entre as reivindicações da Comissão estão:

– Distribuição gratuita de água;

– Redução de danos;

– Distribuição gratuita de camisinha feminina;

– Atendimento médico e policial;

– Banheiros;

– Mapeamento estatístico do potencial econômico do Carnaval com ênfase na contribuição das mulheres;

– Conscientização sobre a lei Maria da Penha;

– Conscientização sobre a lei de importunação sexual;

– Ambulância;

– Policiamento feminino;

– Vagões para mulheres nos trens e no Metrô nos dias de Carnaval;

– Postos de Delegacia da Mulher;

– Melhora no diálogo da PM com os blocos e coordenação da organização do Carnaval com a PM;

– Conversa sobre protocolo policial para lidar com os foliões;

– Responsabilização do patrocinador pelo lixo gerado e limpeza das ruas;

– Transporte público 24 horas;

– Pontos de dispersão;

– Shows para continuar a folia;

– Ajuda mínima em dinheiro para os blocos ou venda de shows;

– Campanhas infantis para cuidados, participação e planejamento dos pais para o Carnaval.

Fonte: : Comissão Feminina Carnaval de Rua SP

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