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Um 1º de Maio diferente e histórico

Por Raquel Kobashi Gallinati *

Esse Dia do Trabalho será diferente para todos. As grandes centrais sindicais não farão suas festas e o descanso do feriado não terá o mesmo sentido de anos anteriores.

Uma grande parte dos trabalhadores passará o feriado em casa, em quarentena. São funcionários de empresas consideradas não-essenciais.

Para eles, o Dia do Trabalho será de apreensão por não saber se ainda terão emprego quando essa pandemia acabar. Mais ainda, eles sequer têm a certeza de que irão receber seus salários para pagar as contas mensais e muitos já foram informados de que seus empregadores não suportarão essa inatividade.

Esse é o segundo grupo. Os pequenos empresários, comerciantes, profissionais liberais e autônomos. Há um mês sem poder trabalhar, ou com atividade reduzida ao mínimo, não sabem o que será do futuro e a falência é uma realidade cada vez mais próxima.

Há, ainda, um terceiro grupo. Os considerados essenciais. Os que estão mantendo nossa sociedade ativa, mesmo com o temor de uma contaminação.

São os profissionais da saúde, os agentes de segurança pública e funcionários de supermercados e farmácias, por exemplo.

Esses profissionais todos os dias saem para trabalhar e, ao voltar, fazem o possível para não levar o Covid-19 para dentro de suas casas.

Nós, policiais civis, vamos para as ruas todos os dias, agora armados também de máscaras, luvas e álcool em gel.

Mas se engana quem pensa que essas novas armas foram fornecidas pelo Estado. Salvo raríssimas delegacias onde o Governo distribuiu uma quantidade mínima de produtos para proteção dos policiais e do público, cada agente de segurança está tendo que se proteger por conta própria.

O Governo também não estabeleceu protocolos de atendimento, reduzindo o uso das delegacias aos boletins de ocorrência essenciais.

O Estado se limitou a pedir que a população utilize mais o boletim de ocorrência eletrônico, feito via internet, mas as delegacias continuam de portas abertas para todos, ambiente perfeito para a contaminação pelo Covid-19.

Nesse 1º de maio, problemas históricos persistem, como o déficit de policiais civis, que chega a 13.500 no estado, a falta de equipamentos e sucateamento dos distritos.

Agora, além da missão de combater a criminalidade, os policiais precisam defender a própria vida e a vida de suas famílias, expostas ao Covid-19 pela falta de capacidade do Governo do Estado de preservar a saúde dos servidores da Segurança Pública paulista.

Após mais de um mês em quarentena, nosso dever é seguir as recomendações das autoridades de saúde. Quem puder, fique em casa. Não é o momento de passeios pelos parques ou confraternizações com amigos.

Para aqueles vivendo situação insustentável, tomem todos os cuidados possíveis e trabalhem de forma criteriosa, com todas as precauções.

Quanto mais ficarmos em casa, mais rápido essa pandemia vai acabar.

Se cada um fizer sua parte, o Dia do Trabalho de 2021 será um feriado festivo, que poderemos celebrar principalmente os profissionais que arriscaram suas vidas nesse momento de crise.

Aos funcionários da saúde, policiais, coletores de lixo, caixas de supermercados e todos os que estão trabalhando, nossos aplausos e nosso muito obrigado.

*Raquel Gallinati é presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, liderança ativa do funcionalismo público.

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