Recente pesquisa realizada pela Kantar Divisão de Pesquisa de Mercado, Insights e Consultoria da WPP, por solicitação da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, avaliou o comportamento de usuários e conhecedores do Sistema de Consórcios, considerando os efeitos causados pela pandemia no mercado consumidor em geral, nos últimos três anos.
Entre os principais objetivos do levantamento, tendo como cenário o constante crescimento e quebra de recordes históricos da modalidade, esteve a validação da percepção quanto às vantagens e desvantagens do consórcio para encontrar novas oportunidades.
Perfis e características da amostra
Na pesquisa feita em agosto, ao envolver 1.600 entrevistados, quantitativamente e qualitativamente, os resultados obtidos foram comparados aos das pesquisas anteriores de 2020 e 2021. Os questionamentos foram feitos a 50% de Homens e 50% de Mulheres, nas faixas etárias dos 18 a 29 anos e dos 30 a 45 anos, das classes sociais A, B e C.
Na metodologia aplicada, foram consultados 55% de conhecedores do mecanismo e 45% de usuários, divididos pelas regiões: 48% da Sudeste, 21% do Nordeste, 16% do Sul, 8% do Centro-Oeste e 7% do Norte.
Conhecimento e uso do sistema
O primeiro resultado apontou evolução do conhecimento sobre os consórcios, comprovado pelo avanço de usuários, que saltou de 36%, entre os que fizeram uma, duas, três ou mais vezes, em 2020, passando pela estabilidade em 2021. Neste ano, chegou aos 46%.
Ao contrário do que a princípio seria um fator de desestímulo à adesão ao consórcio, verificou-se que durante a pandemia da covid-19 o Sistema de Consórcios teve ampliação de sua base de consorciados ativos. O crescimento deve ser creditado aos homens e às mulheres da classe C, das regiões Sudeste e Nordeste.
Como contrapartida, houve redução para zero entre os que nunca tinham ouvido falar na modalidade. Em 2020 eram apenas 3%, em 2021, 4% e em 2022 chegou-se a 0% de consumidores que não sabiam o que era consórcio.
Motivos para ter aderido a um consórcio
A grande influência da pandemia no modo de vida das pessoas provocou razões diferenciadas para adesão ao consórcio, com muitas tendo como base a essência da educação financeira. A mais citada, espontaneamente, foi: “primeiro investimento, apoiado em adquirir um bem de alto valor”. Enquanto em 2020, havia 42% de indicação, um ano depois, em 2021, o crescimento atingiu 51% e, neste ano, com influência de mulheres das classes A e B, especialmente as das regiões Centro-Oeste e Nordeste, chegou-se a 61%, alta de 19 pontos percentuais.
Outro destaque foi a informação que “o consórcio é um jeito de guardar dinheiro”, cujo aumento de 26%, em 2020, passou para 27%, no ano seguinte, e avançou oito pontos percentuais, até os 35%, em 2022, influenciado por homens da Classe C.
Onde foram obtidas as informações
Entre as principais fontes de conhecimento para usuários, os locais mais apontados foram as Concessionárias, especialmente para os que desejavam veículos, seguidos de Lojas, tanto de administradoras como de magazines, bem como as agências bancárias que têm tido protagonismo na categoria, tornando-se um dos principais meios de difusão do Sistema de Consórcios. Enquanto em 2020, atingiam 38%, em 2021, subiram para 39%, e neste ano alcançaram 40%. Já em meio aos conhecedores, a indicação de amigos e parentes continuou sendo a principal fonte de informação.
O que foi comprado via consórcio
Nas respostas ouvidas sobre os bens e serviços mais conhecidos ou adquiridos via consórcio, o carro continuou sendo o mais referenciado, tanto entre os conhecedores quanto entre os experimentadores. Enquanto em 2020 eram 92% de indicações de conhecimento, em 2021, apontou para 91% e, chegou a 89%, neste ano. Já para os experimentadores, os percentuais sinalizaram altas constantes de 50%, em 2020, para 59%, em 2021, e depois para 60%, em 2022.
As motocicletas foram bastante lembradas, como segundo bem mais relevante na categoria. Apesar de ter apresentado retração nos três anos, foram assinaladas por 82% em 2020 e 2021, atingindo a marca de 75%, neste ano, uma retração responsabilizada às Mulheres conhecedoras. Para os usuários, os percentuais também se contraíram. Dos iniciais 41%, nos dois primeiros anos, 2020 e 2021, ficaram em 38%, em 2022.
Em contrapartida, nos imóveis, os conhecedores apresentaram estabilidade ao longo do triênio. O percentual oscilou de 73% em 2020 e 2021, para 74% em 2022. Do outro lado, houve avanço significativo entre os experimentadores. Dos 18%, em 2020, subiu para 20%, no ano seguinte, e chegou aos 27%, neste ano.
Alerta sobre desistência
Ao lembrar a essência da educação financeira, que recomenda planejamento das finanças pessoais, o levantamento constatou ainda razões para desistência de participação em grupos de consórcios. Entre os vários motivos citados estiveram “a diminuição de renda, provocada pela pandemia, perda de emprego, descontrole financeiro”, seguido por “supervalorização do bem, os preços de carros e imóveis subiram e as correções não acompanharam os valores”, e ainda “aumento do custo de vida, cortes foram feitos para que mantivessem o padrão de vida”.
A percepção dos usuários
O prazo de duração de consórcio aparece de maneira acentuada na visão dos usuários, sendo um dos fatores mais citados no momento de decisão para participação em grupo de consórcio.
Junto com o entendimento de ser um investimento econômico a longo prazo, uma forma de facilitar a compra, o destaque no levantamento da questão acerca das percepções dos usuários sobre o consórcio pode ser avaliada pelas expressões: “consórcio é para quem planeja a longo prazo, que não tem pressa, que não é afobado”, “o consórcio é uma forma de economizar/ forçar a guardar dinheiro” e ”consórcio tem menores custos que as outras formas de adquirir um bem”.
Consórcios cada vez mais próximos de conhecedores e usuários
“Ao analisar as respostas e os comentários citados nos três anos – 2020, 2021 e 2022, considerando a convivência com a pandemia da Covid-19, foi possível concluir que os resultados obtidos junto a conhecedores e a usuários do Sistema de Consórcios evidenciam maturidade do consumidor, baseado principalmente pela evolução do conhecimento sobre educação financeira”, comenta Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.