Cultura

Simpósio Literário

Casa das Rosas realiza Simpósio sobre as relações entre passado e presente nos estudos literários 

Dividido em três dias, o simpósio promoverá seis palestras on-line e gratuitas   

A Casa das Rosas, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis, realiza uma programação dedicada à obra do poeta concretista e tradutor Haroldo de Campos.

Uma das ideias que mais marcaram o pensamento e a atuação crítica de Haroldo de Campos foi a de poética sincrônica, apreendida na obra de Ezra Pound e nos textos de Roman Jakobson. Ela implica uma abordagem crítica da história literária que busca selecionar “aquela parte da tradição literária que, para o período em questão, permaneceu viva ou foi revivida”, nas palavras de Jakobson. Esta abordagem embasou as revisões do cânone realizadas por Haroldo e Augusto de Campos nos anos 60 e 70 do século passado. Entretanto, nessas revisões prevalecia o critério estético. Nos anos recentes, outras revisões têm sido feitas no cânone, desta vez destacando a necessidade de rever exclusões históricas com motivação sociopolítica, racial, de gênero ou cultural. O Simpósio Haroldo de Campos 2020: Um Passado Contemporâneo pretende proporcionar uma reflexão sobre essas contribuições para o pensamento literário brasileiro.

A palestra As revisões do cânone literário promovidas pelos poetas concretos abordará o Grupo Noigandres, formado pelos poetas Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos. O grupo atuou em várias frentes, sendo as principais: a Poesia, a Teoria e Crítica de linguagens e a Tradução. A atividade será ministrada pelo historiador, poeta e curador Omar Khouri no dia 24 de setembro, quinta-feira, às 18h.

Gustavo Reis Louro estará à frente da palestra  Sobre macarrônicos e prometeicos (ou breve história sincrônica da tradução criativa em três atos) no dia 24 de setembro, às 18h40. Nela,será discutido o processo de revisão que Haroldo fez de três tradutores do século XIX: além do já frequentemente lembrado Odorico Mendes, tradutor de Homero e Virgílio, vamos lembrar também Eloi Ottoni, que fez uma versão do livro de Jó (também traduzido por Haroldo) e Ramiz Galvão, que fez uma versão poética da tragédia Prometeu Acorrentado de Ésquilo, a partir de uma tradução do imperador Pedro II. 

A poeta mineira Maria do Carmo Ferreira foi a única brasileira a publicar nas páginas de uma publicação dedicada à poesia concreta. No sexto e último volume de “Invenção” (1967/1968): com “Meretrilho”, ela aproximou-se publicamente do paideuma do movimento como nenhuma outra mulher havia feito até então, tornando-se dessa forma uma precursora para a geração de poetas experimentadoras surgida no Brasil entre os anos 70 e 80. A palestra O “Meretrilho” de Maria do Carmo Ferreira acontecerá na sexta-feira, dia 25 de setembro, às 18h, com o pesquisador Felipe Paros. 

Maria Firmina dos Reis, em seu livro Úrsula, de 1859, utiliza a restituição e a restauração como estética na sua escrita. A autora questiona a possibilidade de falar em uma estética estranha a compromissos políticos e esse tema será a proposta da palestra A diferença como estética da separação e desejo de reconhecimento, queserá conduzida pela poeta, ensaísta e editora Eliane Marques no dia 25 de setembro, às 18h40. 

Na palestra-performance Reverber(r)ações da fúria linguageira negra de Luiz Gama, o poeta e artista plástico Ricardo Aleixo evocará alguns nomes como Arnaldo Xavier, Ronald Augusto, Mano Brown, Anelito de Oliveira, Eliane Marques e Stephanie Borges para reverberar as lições de Luiz Gama, autor do clássico “Quem sou eu?”. A palestra acontecerá no dia 26 de setembro, sábado, às 16h.

Por fim, “Recanibalização da poética”: A antologia sincrônica de Haroldo de Campos como proposta descolonizadora, buscará refletir a respeito da proposição decolonial das fontes filosóficas de Haroldo de Campos, proposição que pode ser  encontrada na Antropofagia de Oswald de Andrade e na Antologia projetada por Haroldo. Lucio Agra, professor, artista e pesquisador, ministrará a atividade, que terá início às 16h40 do dia 26 de setembro, sábado.

As palestras serão transmitidas pelo Google Meet e, para realizar a inscrição, é necessário se inscrever neste link até o dia 22 de setembro. 

SERVIÇO

De 24 a 26 de setembro de 2020

Inscrições: até 22 de setembro, que podem ser realizadas clicando aqui.

Transmissão pelo Google Meet, em link a ser enviado para o e-mail deixado na ficha de inscrição.

24 de setembro, quinta-feira, às 18h

As revisões do cânone literário promovidas pelos poetas concretos
Omar Khouri

Sobre macarrônicos e prometeicos (ou breve história sincrônica da tradução criativa em três atos)
Gustavo Reis Louro

25 de setembro, sexta-feira, às 18h

O “Meretrilho” de Maria do Carmo Ferreira
Felipe Paros

A diferença como estética da separação e desejo de reconhecimento
Eliane Marques

26 de setembro, sábado, às 16h

Reverber(r)ações da fúria linguageira negra de Luiz Gama
Ricardo Aleixo

“Recanibalização da poética”: A antologia sincrônica de Haroldo de Campos como proposta descolonizadora

Lucio Agra

Fonte: Poiesis

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