Existe a tacada perfeita, aquela que a bola desliza na mesa e cai suavemente na caçapa. Nenhum jogador dúvida e todos aplaudem.
Agora, no Brasil, a bola cai no fundo da caçapa e os jogadores não acreditam. Retiram e começam a jogada novamente como se pudessem reverter o tempo e o espaço.
Essa negação do momento real é uma forma de entender que no fundo do poço ainda tem um alçapão, que abre para um buraco muito mais profundo e pelo jeito sem fundo mesmo.
Os brasileiros estão percebendo essa sensação de vazio cada vez mais forte. Não somente pela profunda incerteza da pandemia da Covid-19 ou medo da crise econômica.
As crises no governo federal são de tirar o folego! Inacreditáveis e repulsivas. Com tantas ações urgentes que o povo brasileiro aguarda, a principal autoridade do governo faz descaso e segue no deboche descarado.
Não existe como analisar uma ação e dela tirar alguma previsão do futuro. A reunião ministerial que foi apresentada como prova de uma atitude de interferência na Polícia Federal, pelo ex-ministro, Sérgio Moro, só evidencia o que já era fato: os interesses coletivos são colocados em segundo plano pelos políticos brasileiros.
A temática de “vou ter uma vida de dedicação ao povo” ou “eu devia isso ao povo brasileiro” são frases clichês, que não colam mais.
O desemprego estava muito acima da média antes da pandemia. As pequenas e médias empresas já com sérios problemas, milhares de imóveis fechados nas grandes cidades e muitas falências.
A pandemia não é a única responsável pela crise econômica. A pauta de desenvolvimento, que seria iniciada em 2019, não teve um só item resolvido de verdade.
A reforma trabalhista ganhou status de ser a ponte para milhares de novos empregos, não deu em nada. O desemprego continuou e os trabalhadores com menos direitos.
Se o governo federal não mudar de atitude nos próximos meses, não existirão meios de reconstrução das políticas públicas. Brasil, no fundo do poço.
*Maristela Ajalla – Jornalista, especialista em Comunicação Visual, Marketing Político e setorista de Gestão Pública.