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Home office em tempos de pandemia

Por Gabriel Tosto*

“A tecnologia precisa ser abraçada não como forma de confinamento, mas como meio para alcançar novos e excitantes negócios para as empresas e uma melhor qualidade de vida para equipes e colaboradores”

Gabriel Tosto

A pandemia de Covid-19 tem provocado uma revolução no mercado corporativo com a adoção em larga escala, e em nível mundial, do home office e trabalho remoto. Se no século 19, o empresário J. Edgar Thompson, da empresa Penn Railroad, usou pela primeira vez um sistema privado de telegrafia para monitorar remotamente trabalhos e equipamentos em canteiros de obra na construção de estradas, hoje a implementação do home office ou trabalho remoto é muito mais que uma forma de monitorar e fazer negócios: é uma questão de saúde pública.

Ainda assim, o mercado deverá assimilar de vez e tornar realidade, mesmo após o fim da pandemia, programas de trabalho remoto que possibilitarão a prática do home office entre 60% a 80% do tempo semanal de equipes e colaboradores – já que, na era da conectividade, da transformação digital, da IA, da IoT e da mobilidade, não há por que não usufruir da rapidez e da facilidade de realizar processos, reuniões e negócios de forma remota, dando às equipes de trabalho, colaboradores e clientes a flexibilidade e a liberdade de atuar fora de escritórios e espaços confinados, a qualquer hora e de qualquer lugar do planeta.

Nos Estados Unidos, por exemplo, estatísticas de 2019 divulgadas pela FlexJobs revelaram que entre 2005 e 2017 houve um aumento de 159% em trabalhos remotos. Os norte-americanos já descobriram que oferecer a opção remota ou home office é uma forma de atrair e manter novos talentos. Na verdade, a modalidade laboral tradicional, do modo como é constituída hoje, passa por uma grande evolução em sua estrutura, dando espaço ao trabalho remoto como agente transformador da realidade corporativa. Claro, não se trata do fim de escritórios, sedes corporativas e importantes reuniões face-to-face com clientes, times e investidores. Não, não é isso. Trata-se de fornecer ao prestador de serviços uma nova forma de cumprir metas, tarefas e até mesmo horários sem precisar se deslocar até a empresa, podendo desenvolver tranquilamente o trabalho do seu escritório em casa ou até mesmo de um espaço de coworking, ou seja: definitivamente de qualquer lugar, munido apenas de um computador, notebook ou dispositivos móveis, uma boa conexão de internet e uma solução de ponta para conectividade, acesso e suporte remoto com segurança encriptografada.

É importante frisar que, muito antes da Covid-19, pesquisas mundiais já eram enfáticas em relação ao crescimento exponencial do home office em todo o mundo. Os benefícios são mais que claros: aumento nos índices de rendimento com salto significativo nos coeficientes de produtividade, redução de estresse e redução de turn over e de custos para empresas e trabalhadores remotos. Segundo um estudo da Global Reward Solutions, quase 90% dos colaboradores em trabalho remoto sentem-se mais conectados quando fazem reuniões utilizando ferramentas de videoconferência. E isso não é pouca coisa.

Para uma política de home office de sucesso, porém, é necessário uma mudança de paradigma de liderança e mentalidade corporativa. Nesse sentido, alguns quesitos são fundamentais, como trabalhar com metas claras, ter de duas a três reuniões de 30 minutos por semana com as equipes, utilizar uma ferramenta de colaboração moderna com funcionalidades de ponta, incentivar seu uso e manter tópicos de discussão em grupo para preservar a transparência. A confiança entre os times também ganha novos contornos no trabalho remoto, passando a ser primordial nas relações interpessoais.

É igualmente importante às empresas promover um crescente sentido de importância às suas equipes remotas e em home office, mostrando a eles que não são apenas funcionários, mas empreendedores da própria carreira. É um status divisor de águas para o colaborador, adquirido através do conceito de ownership, que deve ser incentivado pelas companhias. Os líderes do futuro necessitarão de tal habilidade para transmitir o sentimento de responsabilidade e de engajamento.

A realidade corporativa está mudando, se ajustando e se moldando para uma cultura de trabalho móvel colaborativa, ágil, flexível,  mais produtiva e democrática, uma vez que não é necessário ser uma grande empresa para implantar tais mudanças. Soluções de conectividade remota eficazes para trabalho remoto de equipes em diferentes tipos e portes de negócios já estão disponíveis há tempos e podem ser utilizadas para inúmeras finalidades, como reuniões online, videoconferências e compartilhamento de tela envolvendo dezenas e até mesmo centenas de participantes ao mesmo tempo. Existem, inclusive, vários provedores desses serviços, embora o TeamViewer seja líder global nesse campo – até mesmo porque é o nosso business core há exatos 15 anos.

Por fim, penso ser imperativa a criação de um novo paradigma na relação de trabalho atual, entendendo o movimento nômade digital como o futuro. A tecnologia precisa ser abraçada não como forma de confinamento, como em tempos de pandemias ou crises mundiais de qualquer natureza, mas como meio para alcançar novos e excitantes patamares de produtividade e de leads de negócios para as empresas e uma melhor e muito mais abundante qualidade de vida para as equipes e colaboradores.

*Gabriel Tosto é Head de Canais e Vendas da TeamViewer América Latina. Especialista em liderança de equipes multiculturais e nômade digital por opção, o executivo é igualmente apaixonado por tecnologia e pelo estudo das relações humanas. 

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