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Violência de Gênero

Campanha eleitoral municipal gerou milhares de ataques violentos de gênero

O Instituto AzMina, junto ao InternetLab e em parceria com o Instituto Update, apresentou hoje, dia 5/11,  os resultados do primeiro levantamento do MonitorA – ferramenta desenvolvida para avaliar o fenômeno da violência e do discurso de ódio contra as mulheres no âmbito da disputa política e de sua intensidade no ambiente virtual. 

O monitoramento do perfil de 123 candidatas às prefeituras e câmaras municipais no Twitter registrou quase 11.000 tuítes com termos ofensivos em apenas um mês. Ao menos 1,2 mil deles eram xingamentos direcionados diretamente às candidatas, que geralmente apelam a estereótipos relacionados ao corpo, à sexualidade, à estética e à beleza. 

Na primeira fase do observatório político de gênero, entre 27 de setembro e 27 de outubro, o MonitorA analisou os comentários no Twitter de candidatas de nove partidos políticos, de diferentes espectros ideológicos, que concorrem a cargos de vereadoras, prefeitas e vice-prefeitas, em cinco estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pará e Santa Catarina, além das candidatas às prefeituras dos municípios de Rio de Janeiro e Porto Alegre.  Ao todo, foram identificados 93 mil tuítes com referência às candidatas monitoradas.

Para efeito de análise, foram considerados somente os tuítes que geraram engajamento (like e/ou retweet), um total de 1,2 mil postagens com xingamentos ou cerca de 40 por dia. Os termos ofensivos foram classificados de acordo com os atributos a que se referiam, como ofensa moral, intelectual, aparência física, descrédito (desmerecimento), gordofobia e transfobia, entre outros. 

Os resultados do levantamento serão fundamentais para a compreensão do papel das redes sociais no processo eleitoral e sobre o quanto questões de gênero, classe, raça e sexualidade perpassam o debate político e como influenciam a percepção de candidatos e eleitores. “Com este monitoramento, nosso propósito é contribuir para a discussão da violência de gênero em termos de políticas públicas e privadas nas redes sociais”, afirma Bárbara Libório, gerente de projetos no Instituto AzMina. 

“Esse projeto vai dar acesso ao cotidiano de campanhas online de mulheres e ajudar a compreender os contornos das violências que ocorrem, tendo em vista inclusive que as mulheres são múltiplas” acrescenta Mariana Valente, diretora do InternetLab.

Entre as 10 candidatas mais atacadas, estão três das 35 postulantes a prefeita monitoradas.  A maioria dos tuítes ofensivos à Joice Hasselmann (PSL), candidata à prefeitura de São Paulo, caracterizava gordofobia.  À segunda colocada no ranking, Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre, foram direcionados termos ofensivos como bandida e hipócrita, além de descredibilização por sua filiação partidária. Logo na sequência, está Benedita da Silva (PT), no Rio de Janeiro, alvo, principalmente, de racismo e machismo. Há ainda candidaturas que são alvo de comentários transfóbicos, como é o caso da co-deputada Érika Hilton, que disputa uma vaga na Câmara de São Paulo. 

A composição da amostra do MonitorA procurou contemplar também a multiplicidade no que diz respeito aos marcadores sociais (como raça, gênero, sexualidade, classe social). O monitoramento inclui mulheres negras, brancas, indígenas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, religiosas, cissexuais e transexuais, entre outras. Essa diversidade possibilita analisar o direcionamento das agressões às mulheres e a existência de padrões de acordo com as variáveis ideológicas ou identitárias. O monitoramento ainda seguirá durante toda a campanha eleitoral, no primeiro e segundo turno, e deverá contemplar também outras redes sociais como Instagram e YouTube.

A ferramenta de análises de dados desses dados foi desenvolvida pela empresa Volt Data Lab. O MonitorA conta também com a parceria de veículos locais dos estados monitorados: Marco Zero Conteúdo),  BHAZ, Amazônia Real, Portal Catarinas  e Agência Mural, que produzirão conteúdo sobre seus respectivos locais de atuação. 

Fonte: Coplayers

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