Segundo dados recentes do Escritório Nacional de Viagens e Turismo dos Estados Unidos (NTTO), Orlando é a cidade mais visitada dos Estados Unidos pelos brasileiros. Em 2019, mais de 880 mil brasileiros estiveram lá, formando o maior grupo turístico internacional para a cidade. Famosa principalmente pelos complexos de lazer, um outro motivo que leva variados perfis de viajantes a querer visitar o destino são as compras.
Um apontamento da Semrush, plataforma de gerenciamento de visibilidade online, mostra que o volume médio mensal de interesse e buscas online, feitas pelos brasileiros, em torno da região da Flórida foi de 5,8 milhões entre março de 2021 e 2022. No ranking de atrativos mais buscados, o “Outlet Flórida” ficou no TOP 10, em nono lugar.
Carolina Capello, empresária e idealizadora da Encomende Coisas, empresa especializada em personal shopper nos Estados Unidos, explica que esse tipo de serviço tem sido buscado por brasileiros em viagem. “Orlando abriga shoppings conhecidos como o Mall at Millenia e o Florida Mall, além de contar com um grande número de outlets, onde são encontrados descontos em diversas marcas consumidas pelos brasileiros”, explica Carolina. A profissional ainda destaca que existe o interesse não somente por itens de vestuário e acessórios, mas também produtos de consumo rápido que não são encontrados no Brasil.
“O fluxo de brasileiros em Orlando é intenso e, uma vez que as pessoas têm uma experiência de compra aqui, elas querem repetir. Essa combinação tornou o destino popular para quem procura uma experiência de compras diferenciada”, afirma a personal shopper.
Crescimento do setor durante a pandemia
De acordo com a empresária, foi durante o período de isolamento social, causado pela pandemia de Covid-19, que o serviço teve um aumento relevante. “A restrição de entrada em diversos países, incluindo os EUA, impulsionou a presença de brasileiros nos chamados grupos de compras”, detalha Carolina.
Segundo informações de uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest, 40% das mulheres da classe alta em São Paulo, que é o principal centro de consumo de produtos de luxo no Brasil, aumentaram suas compras on-line durante a pandemia. Outras 23% continuaram comprando na mesma quantidade de antes, enquanto 12% passaram a ser novas compradoras de produtos através da internet.
A idealizadora do Encomende Coisas alega que essa mudança no hábito de consumo gerou um aumento de 40% na demanda desse tipo de serviço. “Ao mesmo tempo, a escala da atuação dos personal shoppers foi um componente-chave para manter a economia local americana, por meio da geração de uma demanda de consumo que não existiria com as fronteiras fechadas”, comenta Carolina. A expectativa do Condado de Orange County, do qual Orlando faz parte, é de retomar o volume de turistas que visitavam a região no período pré-pandemia apenas em 2024.
Estratégias da empresa para os próximos anos
A Encomende Coisas tem registro oficial nos Estados Unidos e foi criada com objetivo de realizar o armazenamento e redirecionamento de compras para o Brasil. Em 2022, triplicou o faturamento e, desde então, expande a equipe frequentemente para realizar a compra assistida. Em 2023 o quadro já é 150% maior.
Carolina explica que o consumidor pode realizar as compras e mantê-las armazenadas, para buscar quando visitar o destino, ou até mesmo redirecionar para o Brasil. Esse transporte é feito por meio de empresas logísticas parceiras, que fazem o processo alfandegário previsto pelas regras do país de entrada.
Atualmente, o time visita, no mínimo, cinco lojas físicas por semana e atende uma média de 250 clientes ativos, entre os que optam por fazer parte de grupos de compras e os que preferem atenção individual. Os planos para 2023 incluem a expansão do negócio, como viagens para outros estados americanos. “O primeiro projeto piloto, realizado no complexo Six Flags, no estado da Geórgia, foi bem-sucedido. A expectativa é que a próxima saída chegue até a Califórnia”, conta a idealizadora da Encomende Coisas.