Miami 1/2/2022 – As mudanças evidentes na sociedade norte-americana não mostram sinais de desaceleração dessa tendência
Imigrantes latino-americanos estão entre as demografias mais religiosas no país.
A quantidade de pessoas nos EUA que se identificam como religiosas diminuiu nos últimos 10 anos, de acordo com um recente estudo divulgado pelo Pew Research Center. Segundo a pesquisa, 75% dos norte-americanos se identificavam como cristãos em 2011 – em 2021, esse número encolheu para 63%, uma queda de 12%. Os protestantes tiveram a maior perda: enquanto 51% dos adultos dos EUA se identificavam com a denominação cristã em 2011, apenas 40% o fizeram em 2021, uma queda de 11%. Uma década atrás, cerca de 18% dos estadunidenses não eram afiliados a nenhuma religião, identificando-se como agnósticos, ateus ou “nada em particular” – esse número cresceu para 29% em 2021, um aumento de 11%.
“As mudanças evidentes na sociedade norte-americana não mostram sinais de desaceleração dessa tendência”, disse Gregory Smith, diretor associado de pesquisa do Pew Research Center, que identificou os evangélicos negros como os mais religiosos do país. Eles relatam taxas mais altas de frequência à igreja, oração diária – e mais do que qualquer outro grupo – dizem que a religião é muito importante em suas vidas.
Entre os latinos, que segundo o último Census somam 62.1 milhões de pessoas ou 19% da população dos EUA, o número de religiosos também caiu. Em 2009, 57% dos latino-americanos no país se diziam católicos; na última pesquisa, apenas 47%. No entanto, aqueles que se descrevem como ateus, agnósticos ou “nada em particular” aumentaram de 16% para 23%. De todo jeito, essa demografia é ainda uma das mais religiosas dos EUA, com um montante de católicos que ultrapassa a população da maioria dos países da América Latina.
Para o Pew Research Center, a mudança geracional parece ser o principal motivo do declínio, cada vez mais aparente nas últimas décadas por conta dos Millennials e da Geração Z, que estão mais distantes dos Tradicionalistas em suas taxas de membros da igreja (cerca de 30 pontos a menos) do que os Baby Boomers e a Geração X (oito e 16 pontos, respectivamente). Além disso, a cada ano, as gerações mais jovens compõem uma parte cada vez maior de toda a população adulta dos EUA.
Esse fenômeno está levando um número crescente de líderes religiosos a criar programas focados não apenas nos Millennials e na Geração Z, mas especialmente na comunidade latino-americana. A exemplo das igrejas brasileiras no país – segundo o site do Consulado-Geral do Brasil em Miami, o destino favorito dos brasileiros na Flórida soma 129 igrejas de diferentes congregações, com cultos ministrados em português.
Segundo Daniel Ribeiro Queiroz, músico e um dos líderes da aliança internacional entre a igreja evangélica Viva Adoração, de São Paulo, e a Sing Church, do pastor Joe Vasconcelos, em Miami, os métodos utilizados para captar mais jovens latinos nos EUA são as interações. “Aulas de música, inglês e atividades de desenvolvimento pessoal ajudam atrair o público mais jovem”, diz.
Outro ponto apontado pelo pastor é que um dos objetivos da igreja hoje é ampliar o entendimento do público jovem sobre as possíveis carreiras ligadas a religião. “Promover intercâmbio cultural com atividades musicais e dinâmicas mostra aos jovens que é possível ser religioso e ter uma vida interessante e divertida”, afirma Daniel que recentemente gravou com o cantor-norte americano de gospel Ron Kenoly.
Na contramão da história dos Estados Unidos, onde o cristianismo se espalhou por meio do trabalho de missionários de origem europeia, segundo a publicação Christianity Today, os latino-americanos podem se tornar a maior influência religiosa local na medida que cresce o número populacional de imigrantes no país.
Website: https://www.pewforum.org/2021/12/14/about-three-in-ten-u-s-adults-are-now-religiously-unaffiliated/