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Arie Halpern: Cidades Inteligentes: como isso muda a rotina?

1/4/2021 – A pandemia da covid-19 está acelerando mudanças que já estavam em curso, principalmente as que vinham ocorrendo no espaço urbano.

Nas cidades inteligentes, acesso à internet, à rede 5G e Wi-Fi serão serviços de utilidade pública, como água e energia elétrica.

As cidades possuem papel fundamental nas vidas das pessoas, mesmo sendo um desafio tornar os ambientes urbanos mais inclusivos, democráticos e diversos. E é encarando esse desafio que as cidades se tornam inteligentes. A inteligência urbana está em aspectos como segurança, soluções verdes, acesso a serviços básicos, destinação de dejetos e reciclagem de lixo. Muitas cidades vêm tirando proveito da transformação digital para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. As que melhor se saem nesse processo são as verdadeiramente inteligentes.

A pandemia da covid-19 está acelerando mudanças que já estavam em curso, principalmente as que vinham ocorrendo no espaço urbano, nas interações entre as pessoas, na realização de atividades cotidianas e no mundo do trabalho. Ela também reforçou a importância de desenvolver soluções urbanas e políticas públicas baseadas em grandes bases de dados e em pesquisas científicas.

Como as cidades inteligentes vão mudar a rotina de todos

Acesso à internet deve, por exemplo, se tornar muito em breve serviço de utilidade pública, como fornecimento de água e de energia elétrica. E o mesmo deve acontecer com a rede 5G e a conexão Wi-Fi. A importância do acesso universal à internet ficou evidente, por exemplo, para o recebimento do auxílio emergencial concedido pelo governo às pessoas que ficaram sem renda devido ao isolamento social imposto pela pandemia e também para a educação à distância. Como esses, outros direitos sociais, como saúde, previdência e outros benefícios dependem cada vez mais de acesso à rede mundial de computadores.

Dinamismo, praticidade e bem-estar

A quarentena e os cuidados para evitar a disseminação do novo coronavírus também mostram que muitos dos deslocamentos não são necessários, acelerando as mudanças que já vinham ocorrendo nos serviços de transporte. Isso deve provocar também modificação no desenho das cidades, como, por exemplo, não ter mais divisões em zonas para cada atividade. Os centros urbanos terão de ter todos os serviços e produtos em cada região, como pequenos centros aproveitando as pessoas que moram no entorno, reduzindo o deslocamento, aumentando a interação e a proximidade entre as pessoas e a diversidade.

São esses os movimentos que estão levando às cidades inteligentes, que nada mais são do que centros urbanos que funcionem com soluções inovadoras capazes de trazer mais dinamismo, praticidade e bem-estar a todos.

Muitas vezes, as pessoas se referem a cidades inteligentes como cidades conectadas, cidades digitais ou cibercidades. Há, sim, uma série de novas tecnologias sustentando essa transformação, mas a inteligência na esfera da vida urbana não se restringe a elas. Não basta, por exemplo, ter uma vasta base de dados sobre a dinâmica da vida nas cidades.

É essencial saber analisar essa base considerando aspectos sociais e de gestão pública sob a ótica da democracia e do bem-estar social sem distinção, assim como saber tirar proveito da possibilidade de processar esses dados em tempo real. Isso faz com que correções de rota ou novas soluções possam ser adotadas rapidamente, tão logo surja uma dificuldade.

Nesse quesito, o aprendizado de máquina, outra tecnologia da era digital que ganha cada vez mais terreno, é um recurso importante para navegar nessas enormes bases de dados. Ele possibilita automatizar e agilizar as análises preliminares dando velocidade e escala ao processo e deixando para os humanos as etapas mais complexas que requerem análise mais sofisticada.

É vasto o rol de possibilidades que já estão sendo aplicadas. Essas tendências estão redesenhando tanto as cidades quanto as atividades, o trabalho e a economia. É preciso entendê-las e tomar parte neste processo para construir as cidades inteligentes em que a sociedade deseja viver.

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