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Banco Central sobe taxa de juros para 2,75%; última elevação da Selic havia ocorrido em junho de 2015

São Paulo – SP 19/3/2021 – É algo extremamente danoso para os consumidores e empresas que muitas vezes mergulham o setor produtivo na insolvência, causando desemprego

Segundo o professor Michael Forger (IME-USP), os juros exorbitantes praticados no Brasil não são bons para ninguém, inclusive para os bancos.

O Copom anunciou o primeiro aumento da taxa Selic, para 2,75%, em quase seis anos, mostrando o reflexo da inflação e a desvalorização do real.

Em um período de quase seis anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) conseguiu diminuir sucessivamente a taxa básica de juros (Selic) no Brasil, em resposta à inflação baixa e a uma antiga demanda de indústrias e empresas, que buscavam juros baixos para conseguir crédito mais barato e para atingirem um nível de produção maior.

O ciclo positivo diminuiu nesta quarta-feira (17), com a decisão unânime do Copom em aumentar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 2% para 2,75% ao ano. Até agora, a última elevação da Selic havia ocorrido em junho de 2015.

Na semana passada, o IBGE calculou o IPCA (um dos índices que mede a inflação) de fevereiro em 0,86%, o maior registrado nesse mês desde 2016 e puxado pela alta nos combustíveis.

Juros exorbitantes

Na opinião do professor Michael Forger, alemão nascido na região de Bade-Vutemberg e professor titular do Departamento de Matemática Aplicada do IME-USP (Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo), os juros exorbitantes praticados no Brasil não são bons para ninguém, inclusive para os bancos.

Ele destaca que no  sistema financeiro brasileiro, assim como no resto do mundo, o cálculo dos juros cobrados em empréstimos é baseado no que costuma se chamar “o regime de juros compostos”, popularmente conhecido como ‘juros sobre juros’. Mas, segundo o estudioso, existe uma alternativa, o “regime de juros simples”, que apresenta algumas vantagens estruturais, entre elas um mecanismo que impede o crescimento explosivo de uma dívida a longo prazo.  “Isso levou tanto o poder legislativo como o poder judiciário de vários países a baixar dispositivos legais que, em certas condições, proíbem a prática dos juros compostos”, afirma ele.

Forger resolveu investigar a área, revisando e esclarecendo alguns dos conceitos subjacentes, e desenvolveu novos algoritmos para estabelecer planilhas de financiamento de contratos bancários a juros simples, com o intuito de fornecer ferramentas mais sofisticadas e confiáveis do que as disponíveis até então para tratar o assunto.

O professor aponta um problema estrutural no cálculo de juros, que segundo ele vem desde a graduação com premissas equivocadas no ensino da matemática financeira e que culmina nas maiores taxas de juros do planeta. “É algo extremamente danoso para os consumidores e empresas que muitas vezes mergulham o setor produtivo  na insolvência, causando desemprego, congestionamento nos tribunais e perdas econômicas para todos os envolvidos”, conclui Forger, destacando ainda que  do ponto de vista científico, o ramo da Matemática Financeira que trata de juros simples é muito mal desenvolvido, o que permitiu o surgimento de um grande número de mal-entendidos e até de distorções sobre o tema.

 

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