São Paulo, SP 22/12/2020 –
Turismo em município mineiro oferece opções e diversidade para o público jovem e se destaca no café e na gastronomia.
É difícil imaginar uma cidade de apenas 40 mil habitantes que seja plural, criativa e cosmopolita, ao mesmo tempo em que mantém sua simplicidade, aparência e hospitalidade interioranas. É exatamente este contraste que vem tornando Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, na divisa com o estado de São Paulo, em destino turístico de alta procura no momento, principalmente quando o assunto é café e gastronomia.
Até pouco tempo, Santa Rita, como é carinhosamente chamada pelos seus habitantes, era conhecida apenas como polo de tecnologia. A cidade, apelidada de Vale da Eletrônica, é berço da primeira escola técnica de eletrônica da América Latina, de uma das mais reconhecidas faculdades de alta tecnologia do país, o INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações), e conta hoje com mais de 150 empresas do ramo, entre elas a operação brasileira da gigante chinesa Xiaomi. Polo tecnológico, aliás, alavancado pela economia do café no século passado, quando uma filha de fazendeiros e sobrinha do ex-presidente da república Delfim Moreira, Luzia Rennó Moreira, ouviu pessoalmente do físico Albert Einstein que a Eletrônica seria o futuro da humanidade. Em 1959, ela dedicou toda sua fortuna, derivada do café, à fundação da escola técnica no município e o transformou para sempre. Agora, é a vez do café voltar à tona em meio ao crescimento massivo dos especiais, como são rotulados os cafés com mais de 82 pontos, do turismo do gênero e da chamada “quarta onda do café”, forma como os especialistas denominam o surgimento de novos hábitos de consumo do grão.
O município, localizado na Serra da Mantiqueira, acaba de ser oficializado pelo Ministério do Turismo como parte oficial da Rota do Café do Brasil. Além de fazendas centenárias que podem ser visitadas para conhecer plantações, degustar variedades e, na época da colheita, até participar do processo, a cidade, próxima à capital paulista, conta com diversas cafeterias. “São muitas, por toda parte”, conta a publicitária paulistana Juliana Silva, jovem que se denomina “Coffee Lover”, pela sua paixão pela bebida. Ela recentemente passou uma semana em Santa Rita do Sapucaí.
“Santa Rita é uma cidade muito diferente das tradicionais de Minas”, conta Juliana. “Além do que é típico do estado e das tradições, é um dos poucos lugares em que você conhece gente criativa, antenada, até de outros países, e pode fazer amizades, conversar e aprender muito”, destaca. “Você conhece uma pessoa muito simples, da fazenda, entregando café numa cafeteria descolada, anda um pouco mais e se depara com um restaurante texano frequentado por estrangeiros, depois vê uma lojinha que vende pão de queijo e café de coador, com um restaurante típico mineiro cheio de grafites, com uma startup de tecnologia aplicada ao cultivo de café. É demais!”, afirma a jovem. Além disso, Juliana destaca o fato de que há várias cidades vizinhas de Santa Rita do Sapucaí onde se pode explorar lugares diferentes do que se encontra por lá, como cachoeiras e vinícolas. “Não é na mesma cidade, mas é muito perto, fácil de chegar”.
Para o chef de cozinha Júlio Sampaio, que esteve em Santa Rita pela primeira vez em 2019 em uma conferência de inovação e retornou em 2020 para explorar o café e a gastronomia, a cidade proporciona muito mais do que conhecer lugares, ingredientes e produtos artesanais. “É tudo muito lindo e autêntico, um paraíso para quem trabalha com gastronomia. Tem muita coisa pra fazer. Não faltam empórios, cafeterias, restaurantes, fazendas de café, queijarias, feiras de pequenos produtores, mas também tem uma população jovem e interessante que trabalha com café, gastronomia, artes e tecnologia”, pontua. “Nunca imaginei fazer voo livre até que conheci novos amigos na viagem. Eles me levaram para a rampa de lá, que é uma das melhores do mundo, e saltei. Foi uma experiência inesquecível”.
Para ir de São Paulo (SP) a Santa Rita do Sapucaí, são 220 km pela Rodovia Fernão Dias, BR 381. Também é possível ir de ônibus. Há vários horários partindo de São Paulo, na Rodoviária do Tietê. A viagem dura em média três horas.