18/12/2020 – Em um mundo movido pela tecnologia, ser humano nunca foi tão importante
A citação de Jacob Morgan convida à reflexão. E reflexão não falta no ambiente acelerado de inovação e modernidade das incubadoras e aceleradoras de startups do Rio de Janeiro, onde soluções diferentes e inovadoras estão sendo desenvolvidas.
Desde que o coronavírus deu sua cara no mundo real, as pessoas migraram para a realidade virtual, refugiando-se atrás dos computadores e celulares, como numa piscada de olhos.
As empresas, percebendo que a pandemia não teria uma data muito clara de término, começaram a olhar para os aplicativos e plataformas tecnológicas como uma forma de tornar o mundo dentro das telas mais atrativo e próximo do contexto presencial ao qual as pessoas estão mais habituadas.
Até a Startup Rio, onde o relacionamento é a base para as trocas e interações de ideias para novos negócios, teve que se adequar rapidamente. As mentorias passaram a ter um engajamento superior ao esperado, usando ferramentas totalmente online de interação, como a Mighty Networks, capaz de promover debates ou criar grupos por temas, juntando participantes de várias edições do programa.
É neste ambiente do chamado ecossistema de startups que muitas novas soluções estão se consolidando, buscando entender esta nova realidade, interagindo com organizações para perceberem suas reais dores, e desenvolvendo produtos e soluções que se encaixem no cenário atual.
No cenário de aceleração e incubação de startups, onde figuram a Startup Rio, a Pólen, a Fábrica de Startups, dentre outras aceleradoras que formam um berço de inovação e novas tecnologias no Rio de Janeiro, uma startup especializada em diversidade e inclusão vem se destacando. A FourAll, liderada por Leonardo Carvalho, Ana Ulysséa e Sylvia Terra, está acelerando o desenvolvimento de uma solução chamada iPlurAll, que pretende ajudar a quebrar vieses e preconceitos no dia a dia das organizações.
Inicialmente concebido para apoiar a área de RH de grandes e médias empresas no processo de inclusão de pessoas, o iPlurAll vem se provando também uma solução capaz de agregar valor em eventos online, na dinamização de palestras, apresentações e workshops virtuais. A ferramenta foi usada em workshops do TIM TALKS EXPERIENCE 2020, em novembro, tendo sido avaliada como excelente por 90% dos participantes.
– “Quando as pessoas ficam, inicialmente, anônimas, elas tendem a se sentir mais à vontade para expressarem seus pontos de vista livremente, até mesmo indo contra ao status quo e assim as trocas acontecem mais abertamente, menos enviesadas, revelando potenciais que poderiam não se sentirem plenamente confortáveis em externar posições”, explica Leonardo.
Mais do que uma simples ferramenta de chat, o iPlurAll é uma forma de conectar pessoas diferentes entre si, possibilitando a troca de conhecimentos e perspectivas diversas. Quem faz a conexão de uma pessoa com outra, garantindo que sejam diferentes, é o algoritmo de inteligência artificial que está por trás do Grau de Pluralidade, atestando que as pessoas conectadas são diferentes em um ou mais eixos da chamada Mandala das Diversidades, que contempla geração, gênero, religião, raça ou cor de pele, deficiências e origem -nacionalidade, classe social, formação acadêmica. Como as pessoas navegam anonimamente, as trocas ocorrem, sob forma de micromentorias, sem que se saiba se a pessoa com quem se está falando é um diretor ou uma estagiária, qual a sua expressão de gênero ou idade, nem mesmo sua formação ou condição física, por exemplo. Segundo os sócios da FourAll e idealizadores do iPlurall, nada que possa limitar uma pessoa na percepção da outra; nada além do conhecimento, neste momento, importa. Ana complementa: “dessa forma, acreditamos que as pessoas se sentirão mais confiantes em colaborar entre si e com suas organizações, expondo seus pontos de vistas e ideias, com menos barreiras”.
As barreiras a que ela se refere são os chamados vieses conscientes ou inconscientes que impactam no comportamento das pessoas, tema muito estudado e sempre atual. “Há quem questione que a juventude nativa digital que está se preparando para assumir os postos de trabalho em poucos anos é enviesada pelos algoritmos que a mantem na bolha que frequenta. Com o iPlurAll, estimulamos o caminho de conexão inverso ou reverso, se preferir chamar assim.” A fala é da Sylvia e traz um exemplo que se cruza com um estudo de 2019 da Fundação Telefônica em que mais de 1400 jovens atribuíram a “estar conectado” os seguintes significados: interatividade, novas fronteiras e visões de mundo, equidade (acesso a todos), oportunidades, network, inspiração, construção de realidade com impactos positivos e defesa de direitos.
O uso de aplicativos e plataformas tecnológicas tem ajudado neste caminho de mudança cultural que se impôs não somente às pessoas, como também às empresas. E o melhor disto tudo é que está impulsionando o aparecimento de tecnologias para aprimorar e trabalhar as qualidades humanas. A grande pergunta, ainda sem resposta, é o que virá, além destas ferramentas. Uma pista já está clara: seja como for, o mundo será cada vez mais conectado.
Website: http://www.fourall.com.br