Dino

O que pode mudar na engenharia de design pós-pandemia?

São Paulo/SP 27/10/2020 – “Temos que capturar as nuances dos mercados de tecnologia e materiais que refletem as mudanças comportamentais e sociais”.

É necessário aferir o olhar para uma nova realidade e ajustar o modelo mental para um mundo novo que está chegando.

A resposta para a pergunta sobre o futuro da engenharia de design a partir das novas experiências que estão sendo vividas com a pandemia é sintetizada pelo studio engineer Silas Correia Soccio Manoel como o resultado da necessidade de aferir o olhar para uma nova realidade e ajustar o mindset (modelo mental) para um mundo novo que está chegando. “Como studio engineer um dos maiores desafios no processo de transformação que estamos vivendo é o de capturar as nuances dos mercados de tecnologia e materiais que refletem as mudanças comportamentais e sociais”.

E, de acordo com Silas, a indústria já começou este processo. Um dos exemplos citados pelo profissional está o de uma grande montadora que, recentemente, fez uma alteração da programação do software que controla o ar-condicionado do veículo, fazendo com que, ao iniciar remotamente, o sistema seja aquecido por alguns minutos até uma temperatura em que o vírus da Covid-19 não suportaria. “Isso marca a busca pelo desenvolvimento em prol da demanda especifica que estamos vivenciando. Outro bom exemplo, é a utilização de materiais que não permitem o crescimento ou reduzem o tempo de vida de vírus e bactérias”.           

Com a mudança nas demandas, uma outra empresa de grande porte do setor automotivo, segundo o studio engineer, tem aumentado a participação em uma marca de patinetes elétricos. “Com a pandemia, as pessoas estão comprando ou alugando patinetes, bem como bicicletas, para não precisarem andar em veículos fechados. Agora, nós do mercado automobilístico, deixamos de projetar carros e passamos a desenvolver sistemas de mobilidade. Precisamos ser capazes de entregar veículos que sejam conduzidos por inteligência artificial, que não representem riscos para os pedestres e que sejam possíveis de transportar não apenas pessoas, mas compras, remédios e até mesmo socorrer feridos numa emergência”.

De acordo com o Instituto Climainfo, a mudança na mobilidade já está acontecendo em vários grandes centros urbanos em todo o mundo, como em Bogotá, na Colômbia, em que desde o primeiro dia de quarentena o governo instalou ciclovias temporárias como forma de evitar aglomeração no transporte público. Ainda segundo o Instituto, o governo da França promove incentivos para que a população troque o transporte público por bicicletas após o período de isolamento e criou um fundo de 20 milhões de euros (R$ 116 milhões) para incentivar a população a usar bicicletas como transporte. Já um levantamento da Opas (Organização Panamericana de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial de Saúde), identificou mais de 100 intervenções similares às citadas acima em todo o mundo, como a criação de ciclofaixas provisórias, além da restrição de circulação e redução da velocidade do tráfego.

E as soluções não param de ser pensadas a partir de novas demandas de saúde e segurança, como relata Silas. “A engenharia de design prepara o desenvolvimento de veículos exclusivos para aluguel, com carros esterilizados no final do serviço, e o avanço de carros autônomos para entrega de produtos, ao mesmo tempo em que evolui a projeção de sensores que possibilitam ver ao redor, sem interferência humana, facilitando o tráfego seguro destes veículos autônomos. Está sendo pensado ainda o desenvolvimento de faróis que iluminam os pedestres próximos aos veículos, a adaptação de robôs para entrega em veículo autônomos e sistemas de comunicação entre carros para evitar acidentes em áreas superocupadas”.

Cada vez mais, de acordo com o studio engineer, os profissionais  da área da engenharia do design precisam estar atualizados sobre as regulações, normas e afins que regem os mercados, afinal, se antes quatro rodas eram obrigatórias, agora é preciso se preocupar com as regras que regulamentam veículos de uma roda só. “Quando o time de design nos pergunta o que pode e o que não pode ser feito, devemos já ter previamente aprendido sobre as novas tecnologias, conceitos em desenvolvimento e as possíveis aplicações, além de colocar nossa criatividade para trabalhar, pois não só o design, mas o cliente está esperando pela nossa resposta imediata a tantas mudanças que estamos vivendo”, finaliza Silas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *