SAÚDE: USO DE MEDICAMENTO EXTRAÍDO DA CANNABIS TEM BONS RESULTADOS
A comunidade médica brasileira registra casos de sucesso com o uso da Cannabis medicinal no tratamento de doenças graves
Por Maristela Ajalla*
Os medicamentos com substâncias da planta Cannabis sativa estão mais frequentes nos receituários dos médicos brasileiros, especialmente nas áreas de oncologia, psiquiatria e neurologia. O remédio é produzido em laboratórios farmacêuticos e concentra diferentes elementos extraídos da Cannabis, como o CBD ou o THC que trazem bons resultados no tratamento de muitas patologias.
O uso medicinal não tem nenhuma relação com o uso recreativo. Deve ser feito com acompanhamento médico e avaliações regulares. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite essa prescrição, mediante o controle médico, receita tipo B e ainda documentação pessoal do paciente, junto à Agência, para ter a permissão de importar o medicamento**.
Os medicamentos com as substâncias da Cannabis sativa são importados, porque no Brasil ainda não há liberação para produção nacional, exceto por algumas associações de pais, como dos pacientes com TEA que conseguiram a liberação para fabricar os óleos, com controle rígido para os pacientes e médicos que usam o sistema.
Um levantamento feito da Logcomex, empresa especializada em comércio exterior, apontou que somente no ano de 2021, o Brasil importou mais de cinco milhões de dólares em medicamentos com Cannabis sativa. O crescimento desse mercado é praticamente irreversível, pois os pacientes conseguem ter uma melhor qualidade de vida e até resultados surpreendentes, mesmo para os pesquisadores.
Vários grupos de cientistas no Brasil participam de fóruns, audiências, simpósios ou seminários para debater a forma de comercialização, a prescrição e os resultados da Cannabis nas diversas patologias. Na Unifesp, em São Paulo, um dos grupos pioneiros foi criado no Cebrid (Centro Brasileiro Sobre Drogas Psicotrópicas), com o professor doutor Elisaldo Carlini, que foi até citado no jornal americano New York Times, com sua descoberta do uso do CBD para reduzir convulsões. Os estudos nas universidades brasileiras ainda não são tão famosos, como são os realizados em universidades dos EUAs e de Israel.
Como todo medicamento, a comunidade médica tem avaliado os bons resultados e também avalições de casos sem impacto com as substâncias. Os medicamentos com substâncias da Cannabis podem ser usados, mas sempre com acompanhamento médico. A importação, que tem alto custo, impede o acesso de milhares de brasileiros aos benefícios da Cannabis medicinal, mas não impede de se observar os bons resultados nos pacientes que conseguem comprar a medicação.
*Maristela Ajalla: jornalista profissional MTB 19.098 JP/RJ
(**) RDC 335/2020 (RESOLUÇÃO – RDC Nº 335, DE 24 DE JANEIRO DE 2020 – RESOLUÇÃO – RDC Nº 335, DE 24 DE JANEIRO DE 2020 – DOU – Imprensa Nacional (in.gov.br)), Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa que regulamenta todos os procedimentos.