Cientistas alertam perda de oportunidade para descobrir origem do vírus SarsCoV2

26/10/2021 – O relatório afastou uma das hipóteses mais polêmicas sobre a origem do vírus

Saber a origem da covid-19 é crucial para evitar o risco de uma nova pandemia e essa possibilidade talvez não exista mais.

Desde que foram diagnosticados os primeiros casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, a ciência, combinada com uma série de novos recursos tecnológicos, fez com que a sociedade avançasse rapidamente para identificar o vírus e seu sequenciamento genético. A partir disso, numa espécie de força-tarefa global, cientistas foram descobrindo como o vírus age no organismo, como se dá a transmissão, as mutações e vacinas. Esse esforço levou à descoberta de tratamentos revolucionários para outras doenças.

Porém, até agora, ainda pouco se sabe sobre a origem do vírus. É natural, e desejável, que a prioridade seja para combater a covid-19. Mas saber como se originou o vírus Sars-CoV-2 também é extremamente relevante para poder evitar, ou reduzir, o risco de uma nova pandemia.

Cientistas fizeram um alerta de que a janela de oportunidade para a realização de uma investigação científica para descobrir a origem do vírus que causou a pandemia da covid-19 está se fechando. O trabalho da equipe nomeada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para investigar a origem do vírus está paralisado desde a publicação, em março deste ano, de um relatório.

Em um artigo publicado na revista científica “Nature”, os cientistas alertam que, com o passar do tempo, a realização de estudos e análises biológicas que podem revelar como a transmissão da doença começou se tornou impossível.

Amostras de sangue e de animais selvagens, pistas desperdiçadas

No relatório publicado, a equipe das OMS recomendava a realização de pesquisas em bancos de sangue na China, onde foram identificados os primeiros casos, e em outros países para verificar a existência de anticorpos do vírus no sangue doado nos meses anteriores ao surto inicial da doença. E na coleta de amostras de animais selvagens mantidos em criadouros, para verificar se poderiam ser o hospedeiro intermediário que possibilitou a transmissão do vírus para outras espécies.

Como o armazenamento de sangue tem um período de tempo limitado e os animais mantidos em criadouros têm vida curta, é provável que a sociedade já tenha perdido a possibilidade de obter dados biológicos importantes, que poderiam apontar caminhos ou mesmo descartar possibilidades para chegar à origem da pandemia.

O relatório afastou uma das hipóteses mais polêmicas sobre a origem do vírus. A equipe de cientistas concluiu que, embora fosse impossível determinar como o vírus infectou os primeiros humanos, as evidências disponíveis sugerem que o mais provável é que ele tenha origem animal. Ou seja, enfraquecia a possibilidade de que fosse um vírus manipulado em laboratório.

De qualquer forma, a influência de questões políticas e acusações recíprocas entre governos acabaram por interferir na investigação científica. E isso, talvez, faça com que não seja mais possível identificar as causas da pandemia. E, sem elas, também não será possível saber o que poderia ser feito para evitar que, no futuro, um novo vírus cause tantas perdas em todo o mundo.

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