Novo sistema portátil pode popularizar teste molecular para COVID-19

Belo Horizonte, MG 4/9/2020 – “Tecnologia ideal para pequenos municípios, empresas e ambientes de grande necessidade de testagem como aeroportos”, explica Henrique Martins, CEO da Visuri.

O novo sistema de teste molecular detecta material genético do SARS-CoV-2 e de arbovírus-dengue, zika e chikungunya, com maior mobilidade e menor custo. Além da necessidade de estrutura laboratorial mínima para diagnóstico, o resultado sai em cerca de 30 minutos e pode ser acessado pelo celular. A tecnologia pode beneficiar diversos setores que necessitam da agilidade do teste, como aeroportos, empresas de turismo, clubes esportivos, etc…

Pesquisadores da Fiocruz e da Visuri, instituições referências em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para a saúde, desenvolveram um dispositivo portátil, o OmniLAMP, para diagnóstico molecular da COVID-19, pela detecção do material genético do SARS-CoV-2. Por meio da técnica RT-LAMP (transforma RNA em DNA e o amplifica isotermicamente), o equipamento possibilita testagem com segurança semelhante à técnica padrão ouro PCR (Reação em cadeia da polimerase), mas com menor custo e tempo.

A detecção do RNA viral se dá por meio da amplificação isotérmica do material genético do vírus encontrado em amostras de swab – tipo cotonete, nasal e orofaríngeo. Ao final da reação, as amostras positivas apresentam um sinal de saída colorido, que é captado e interpretado automaticamente pelo software do equipamento. O sistema possui ainda georreferenciamento e conexão com a Internet. Esses recursos permitem o armazenamento dos dados nos servidores WEB da empresa, para o acompanhamento remoto do que está acontecendo em cada um dos dispositivos quando esses estiverem em operação. Com relação ao resultado do teste, ele pode ser acessado pelo celular, por meio da utilização de um aplicativo e é obtido em 30 minutos, diferentemente, de outras técnicas cujo o processo de extração, amplificação e tratamento dos dados podem levar seis horas até a liberação do resultado, pois neste último é necessário o pré-processamento das amostras. Outra vantagem do OmniLAMP é que ele necessita de uma estrutura laboratorial de baixa complexidade, além do uso de reagentes diferentes dos utilizados no teste PCR.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, Rubens do Monte, essa tecnologia possibilita a descentralização das testagens, que pode ser feita em pequenos laboratórios, clínicas e hospitais em todo o Brasil. “Como uma ferramenta Point of Care (PoC), é possível apresentar o resultado de forma automática e intuitiva e, portanto, pode ser utilizado por pessoal minimamente treinado, dando chance de o teste chegar a quem mais precisa”, reforça Rubens. Importante destacar, segundo Rubens do Monte, que já nas primeiras amostras do ensaio clínico a sensibilidade desse teste foi de 97% e a especificidade de 100%, dando confiabilidade às ações de quem se valer desta inovadora ferramenta de diagnóstico portátil.
De acordo com Henrique Martins, CEO da Visuri, empresa codesenvolvedora do projeto, o equipamento possui tecnologia Internet of Things (IoT), que permite o envio dos resultados para uma aplicação WEB desenvolvida para permitir o armazenamento dos dados em nuvem. “Este sistema torna possível o acompanhamento, em tempo real, de curvas de tendências e outros relatórios que podem ser utilizados por órgãos governamentais como ferramenta de auxílio na elaboração de estratégias para o combate a pandemia”, explica.

Ciência por demanda social
O OminiLAMP é fruto de uma parceria público-privada. A pesquisa teve início em 2018, a partir da aprovação do projeto no 1º edital de pesquisa do Instituto Serrapilheira. Na ocasião, os estudos da técnica RT-LAMP estavam direcionados para o diagnóstico de arboviroses (Dengue, Zika, Chikungunya) e de Leishmaniose. Em 2019, os estudos contaram com recursos do programa Inova Fiocruz e o projeto foi premiado com o segundo lugar em soluções inovadoras para o Brasil no InovaLabs, um programa de pré-aceleração da Biominas Brasil em parceria com a Fiocruz. Tendo em vista o novo cenário mundial e a grande necessidade por testes para a COVID-19, em março de 2020, a equipe direcionou todos os esforços para a detecção do SARS-CoV-2. As premissas básicas da força tarefa foi adaptar a tecnologia para disponibilizar um teste eficiente, mais rápido, mais barato e que pudesse ser realizado em qualquer região do país.
Para o virologista Pedro Augusto Alves, pesquisador da Fiocruz, ferramentas diagnósticas utilizadas em pequenos municípios podem direcionar de maneira mais efetiva o controle epidemiológico local e regional. No caso dos arbovírus, por exemplo, é difícil identificar, somente com diagnóstico clínico, a diferença entre os sintomas da Dengue e Zica. “A realização de um teste seguro e com agilidade é fundamental para definir o tipo de tratamento adequado, ainda no momento de sintomas do paciente, o que permite um melhor direcionamento da terapêutica e evita gastos com tratamentos desnecessários”, explica.

Mercado
O dispositivo computacional portátil e os kits de teste estão em fase final de certificação na Anvisa. Estão em andamento as discussões para que, em se obtendo o registro, os kits de testes sejam produzidos pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), uma das unidades fabris da Fiocruz no Rio de Janeiro. Já o dispositivo portátil será produzido pela Visuri, em Minas Gerais. “Com menor custo e facilidade na realização do teste, em relação a outros dispositivos para diagnóstico molecular, o OmniLAMP, é a tecnologia ideal para ser utilizada em qualquer município, empresas e ambientes de grande necessidade de testagens em massa como aeroportos, por exemplo, em função da facilidade da logística e usabilidade”, explica Henrique Martins.

Website: http://www.visuri.com.br