Carnaval e o assédio

Delegada Raquel Gallinati dá dicas contra abuso no Carnaval

Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de SP, Raquel Gallinati dá dicas contra abuso sexual para homens e mulheres

Dra. Raquel Gallinati – presidente do Sindpesp

O Carnaval é a maior festa popular do planeta e milhões de pessoas vão às ruas nos quatro dias de alegria em blocos, trios elétricos, bailes e escolas de samba por todo o Brasil.

O clima festivo, porém, pode acabar de repente, quando a mulher é vítima de um abuso sexual, por pessoas que já saem de casa mal-intencionadas ou que simplesmente confundem a alegria com um salvo-conduto para cometer um crime com a certeza da impunidade.

“Muitas vezes o homem tem a visão errada de que no Carnaval tudo pode. Não pode!”, avisa a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati. “A fronteira entre a alegria e o crime é o ‘Não’ da mulher”.

Raquel enumera uma série de cuidados que podem ser tomados para evitar casos de importunação sexual em situações que podem ocorrer diariamente, mas que se intensificam no Carnaval.

“A responsabilidade do abuso é toda de quem comete o crime e mesmo que a mulher não siga essas precauções, a culpa não será dela. Infelizmente temos que dar essas orientações porque a nossa cultura como sociedade ainda está longe de garantir a integridade física das mulheres sem que elas tenham que se colocar em posição de defesa”.

A importunação sexual consiste em qualquer ato que resulte no constrangimento da vítima. A pena pode ir de um a cinco anos de prisão.

Como se manter segura no Carnaval

– Ande sempre acompanhada – marque suas saídas de carnaval com grupos de amigos

– Evite ruas desertas e com pouca iluminação

– Marque pontos de encontro com os amigos na chegada, em um horário determinado durante a festa e na saída

– Em aplicativos de transporte, compartilhe a corrida com pessoas conhecidas e envie o print da corrida para amigos e familiares para que eles possam monitorar o trajeto.

– Não aceite caronas de desconhecidos em nenhuma hipótese e, mesmo de conhecidos, evite pegar carona sozinha.

– Ative a localização do seu celular e envie para alguém da sua família.

– Atenção a carros e motos. Se perceber que está sendo seguida, entre no primeiro prédio ou comércio e acione a polícia

– Em caso de violência não hesite em acionar a polícia e discar 180 para a Central de Atendimento à Mulher ou vá a uma delegacia com todas as informações que tiver sobre o agressor

– Ande sempre com o seu RG

– Não aceite bebidas de pessoas estranhas, fique atenta ao seu copo,  não beba do copo de ninguém e não faça uso de substâncias ilegais.

Dicas para os homens

– Não é não. E também não é motivo para se tornar agressivo

– A paquera só existe quando é correspondida sem ter que ser forçada

– Não toque pessoas desconhecidas sem autorização. Nesse caso, agarrar pelo braço ou cintura, puxar cabelo e passar a mão são exemplos

– Se encontrar uma mulher em situação de vulnerabilidade, proteja, ao invés de tirar vantagem

– Qualquer tipo de abuso mediante ameaça é estupro, com pena que pode chegar a 30 anos nos casos mais graves

– Abuso contra pessoa incapaz de se defender, como uma mulher inconsciente, também é estupro

– Qualquer relação com menor de 14 anos é estupro, mesmo se for consentida

Fonte: Marcel Cordella