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Empresas administradas por famílias estão em maior número no Brasil

Vitória, ES 17/11/2020 – “Meus dois filhos têm total liberdade para tocar o negócio. Foram preparados para isso, e tiveram experiência todos os setores da empresa” Apolo Rizk.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), as empresas familiares e chegam a representar cerca de 65% do PIB e 75% da força de trabalho no país.

Benefícios e desafios, quando conversamos com as famílias que decidem seguir carreira dentro da mesma empresa, essa é sempre uma menção frequente. As estatísticas comprovam que a receita dá certo, pois segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), mais de 90% das empresas constituídas no país são familiares e são consideras um dos principais pilares da economia, chegam a representar cerca de 65% do PIB e 75% da força de trabalho no país.

Historicamente, as empresas familiares representam o empreendimento mais duradouro da humanidade, quando ainda não havia CNPJ, os conhecimentos adquiridos em uma família eram exercidos em forma de serviço para toda a sociedade local, e passavam, como uma herança, de pai para filhos.

No Estado do Espírito Santo algumas grandes empresas, muito conhecidas pelos capixabas, seguem esse mesmo curso e estão sendo administradas por pais com seus filhos já ocupando importantes funções ou até mesmo, já está sendo totalmente administrada pela segunda geração de empresários.

Apolo Rizk, presidente do grupo Contauto, empresa com mais de 50 anos de mercado e representante de marcas como a Ford, no segmento de carros; Moto Honda, com a Moto Vena; e caminhões Foton, segue o mesmo caminho trilhado por muitas famílias, o de manter a empresa nas mãos dos seus herdeiros. “Meus dois filhos trabalham comigo. Um é diretor da Contauto e outro da Moto Vena, ambos tem total liberdade para tocar o negócio, foram preparados para isso, assim que decidiram que queriam estar nos negócios, conheceram todos os setores da empresa. Eu hoje fico focado em caminhões, que é a minha paixão, mas ainda participo dos negócios que envolvem todo o grupo”, disse ele.

Apolo Figueiredo Rizk, que é o filho mais velho, tem formação em comunicação, mas o DNA falou tão forte que até mesmo quando morava na Filadélfia, e estava à procura de emprego, trabalhou em uma revendedora Ford. “Era recém formado, morava fora e queria me manter lá, foi aí que consegui esse emprego, no pátio da Ford, levava os carros para lavar, manobrava, e até com vendas cheguei a ter a experiência ainda lá, na Filadélfia”, disse.

Quando voltou ao Brasil passou por experiências em praticamente todos os setores da empresa, desde a gestão de estoque, gerência de loja, até a área responsável por solucionar problemas de clientes para então, depois de alguns anos, assumir a diretoria com a bagagem necessária para tocar os negócios.

O filho mais novo, Gabriel, se formou em administração e aos 18 anos teve as primeiras experiências no grupo Contauto. Também percorreu vários setores até chegar à diretoria da Moto Vena, cargo que ocupa hoje.

“O grande desafio de trabalhar com pai como o gestor principal é saber separar os papéis. O meu pai como meu gestor me direcionava, no início bastante era incisivo em muitas ocasiões, fazia parte do meu aprendizado. Hoje tenho total liberdade, repasso o feedback do que está acontecendo, mas sei que ele confia nas decisões que tomo no dia a dia da função”, disse.

“No início é sempre mais difícil, mas hoje posso dizer que a relação é leve, de confiança e a troca é muito gostosa”, completou.

Outra empresa em que pai e filhos trabalham juntos e dividem a rotina puxada, de muito serviço, é na rede de farmácias Mônica, que envolve drogaria e manipulação. Empresa tem 36 anos e 28 lojas espalhadas por todo o Estado. O empresário Delci Pereira, fundador da rede, tem dois filhos que trabalham com ele no negócio. Thamires Pereira é responsável pela área de compras da rede e o irmão, Ramon Pereira, pelo setor financeiro.

“Comecei a trabalhar com meu pai muito por acaso, não fazia parte dos meus planos, ele me chamou para ajudar na loja física como auxiliar, de lá as coisas começaram a acontecer de maneira muito orgânica, fui passando por diversos setores, inclusive pelo setor de hoje eu me firmei e sou responsável, que é o de compras”, disse Thamires.

Ela ainda disse que trabalhar com o pai é sempre um desafio, principalmente no início de tudo, pois existe na relação muita intimidade e é difícil separar os papéis em casa e a na empresa. “Ele já foi mais rigoroso, cobrava bastante, mas hoje vejo que ele tem segurança e confiança no meu trabalho e do meu irmão. Temos flexibilidade e liberdade nas tomadas de decisões”, disse ela.

Para o pai, Delci Pereira, que começou a trabalhar na sua primeira loja ainda bem novo, aos 19 anos, é um orgulho enorme ter os filhos dentro da empresa fundada por ele. “Sempre tive o desejo de tê-los aqui comigo, mas sempre deixei que eles escolhessem o caminho que queriam seguir. Hoje que eles trabalham na nossa rede de farmácias e têm cargos de chefia, mas passaram por diversos setores antes. Tenho uma satisfação muito grande e um senso de responsabilidade aumentado, pois além de pai você se torna conselheiro da vida profissional do seu filho. Tem que liderar pelo exemplo”, disse.

Na área de saúde o sucesso desse tipo de negócio também acontece. Um exemplo é o Hospital de Olhos de Vitória, que começou com uma parceria entre quatro sócios, que são parentes. “Começou com meu pai e dois tios meus. Mais tarde eles me deram a oportunidade de entrar na sociedade, e trabalharmos juntos. Para evitar conflitos e problemas em família dividimos os setores de responsabilidade de cada um, e este tem total liberdade dentro do seu setor de atuação. Crescemos juntos e transformamos a clínica em hospital”, disse o médico oftalmologista e responsável pela área de processos do Hospital de Olhos de Vitória, César Ronaldo Filho.

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