Belo Horizonte, MG 24/9/2020 –
IAB-MG e prefeitura de Juiz de Fora vão selecionar projetos destinados a espaço histórico com 17 mil metros quadrados na cidade da Zona da Mata
Em meio à pandemia do coronavírus, uma boa notícia para os profissionais da área de arquitetura e urbanismo. O Instituto de Arquitetos do Brasil – Minas Gerais (IAB-MG) e a prefeitura de Juiz de Fora (MG) abriram, neste mês, inscrições para concurso público nacional de arquitetura e urbanismo para a requalificação do Complexo Turístico e Cultural Bernardo Mascarenhas (CTCBM) e rua Paulo de Frontin, com o objetivo de revitalizar o centro cultural e histórico da cidade da Zona da Mata mineira.O processo seletivo será realizado de forma on-line e as inscrições podem ser feitas até o dia 4 de outubro.
Será selecionada uma proposta de anteprojeto para requalificar os edifícios e arredores do CTCBM, sem deixar de lado a contemporaneidade do local e agregando novos valores ao conjunto. A iniciativa para a requalificação visa tornar o complexo um destino mais atrativo à população e aos que visitam a cidade, a partir da transformação do local em um polo de economia circular e criativa.
Poderão participar profissionais, individualmente ou na qualidade de responsável técnico de sociedade ou empresa de prestação de serviços de arquitetura e urbanismo. A premiação será de R$ 40 mil; R$ 20 mil e R$ 10 mil, respectivamente, para o primeiro, segundo e terceiro colocados. O responsável pelo anteprojeto vencedor será contratado para o desenvolvimento dos projetos executivos de arquitetura e urbanismo da praça Antônio Carlos, da rua Dr. Paulo de Frontin e do Centro Cultural “Bernardo Mascarenhas”, além dos projetos legais e complementares.
A coordenadora do concurso, Cláudia Pires, explica que, buscando mais do que nunca o respeito ao exercício dos arquitetos, a nova gestão do IAB-MG está investindo na valorização do profissional. “Além de ser essa a forma mais eficaz de contratar, gerenciar e administrar a coisa pública, a realização de concurso proporciona a democratização das oportunidades de exercício profissional e valorização do trabalho do arquiteto e urbanista na concepção e desenvolvimento de projetos dessa natureza”, comenta Cláudia, que é membro da nova gestão do IAB-MG.
Localizado no Centro de Juiz de Fora, o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), principal marco do CTCBM, fica em um antigo edifício industrial, onde costumava funcionar uma fábrica de tear, fundada pelo empresário Bernardo Mascarenhas em 1887. Um século depois, em 1982, o edifício foi tombado pelo patrimônio municipal e foi reconhecido como importante exemplar das características típicas da arquitetura inglesa, de conformação e detalhes neoclássicos, referência da fase de industrialização mineira do início do século 20e funciona como centro cultural desde 1987. A edificação está na história do desenvolvimento industrial do país, por ser uma fábrica que trouxe a primeira hidrelétrica da América Latina para alimentar os seus teares.
O “Espaço Mascarenhas” é importante referencial do patrimônio cultural juiz-forano, que integra, também, o Núcleo Histórico da Praça Antônio Carlos. O complexo abrange área de 17 mil m² e contempla a praça, a antiga subestação, os edifícios do Centro Cultural “Bernardo Mascarenhas” (CCBM), da Biblioteca Municipal “Murilo Mendes” (BMMM), da antiga sede administrativa da fábrica de tecelagem (atualmente ocupada pela Secretaria de Educação), do Mercado Municipal e o estacionamento.
A rua Dr. Paulo de Frontin, que, além de abrigar significativos exemplares arquitetônicos protegidos, atua como elemento de ligação entre o “Espaço Mascarenhas” e a praça Dr. João Penido, que, juntamente com a Antônio Carlos, representam dois dos principais núcleos históricos da cidade. Todos esses elementos integram o Núcleo Histórico Urbano, que detém importante acervo do patrimônio cultural de Juiz de Fora.
“Observando, portanto, a necessidade de um olhar atualizado ao conjunto cultural, os anteprojetos apresentados devem ser capazes de dialogar com o contexto no qual o edifício existente está inserido, respeitando a configuração espacial urbana e arquitetônica do centro histórico de Juiz de Fora, incluindo-se aí as ruas e praças do entorno do conjunto, e contribuir para a preservação, valorização e contextualização urbanística do seu patrimônio histórico arquitetônico e urbanístico”, acrescenta a coordenadora-adjunta do concurso, Cissa Ewald.
“Esse concurso mexe com o coração da cidade e faz parte de um projeto mais ambicioso, de requalificação de todo o Centro histórico. É muito importante dar o primeiro passo dessa requalificação, deflagrar esse movimento de valorização da cultura. A gente ouve muito falar de obras públicas, mas que, normalmente, são obras de urbanismo ou circulação viária, também essenciais para a cidade. Mas, nesse caso, a prefeitura de Juiz de Fora está priorizando a área cultural, o que mostra que a cidade está em um caminho positivo de valorização de seu patrimônio, sua história, sua memória e sua cultura”, destaca o diretor-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Zezinho Mancini.