Especialista comenta como fortalecer PPPs educacionais

O crescimento das Parcerias Público-Privadas (PPPs) já é uma realidade. Dados do iRadarPPP de setembro, divulgados recentemente, revelam o surgimento de 86 iniciativas – o maior número observado nos últimos 16 meses. Destes, pelo menos 60 projetos eram ligados à educação, impulsionados pelo credenciamento da Caixa Econômica Federal, que selecionou municípios para receberem auxílio no processo de estruturação de projetos PPP do setor. Mas, para Thiago Zola, Head de Produtos da Mind Lab, é preciso ampliar a atuação e valorizar, também, a instrumentalização das escolas, para que esses investimentos favoreçam também o desenvolvimento socioemocional dos estudantes.

“Evidentemente, a atenção à infraestrutura é essencial, pois não conseguimos formar bons alunos com uma estrutura inadequada. No entanto, é fundamental apoiá-los no crescimento pessoal, instrumentalizando as escolas com ferramentas que contribuam nesse sentido”, afirma. “O desenvolvimento socioemocional é fundamental no mundo contemporâneo, não somente para uma vivência acadêmica mais frutífera, mas para o desenvolvimento integral do indivíduo. Esses novos projetos são grandes oportunidades para essa transformação”, completa.

A “PPP Novas Escolas”, que vem sendo discutida no estado de São Paulo, contempla a construção, manutenção, conservação predial, gestão e operação de serviços não pedagógicos. Para o especialista, porém, é possível agregar valor à grade curricular sem que represente qualquer risco à autoridade dos educadores ou ao processo de ensino.

“Não se trata de uma revolução no currículo dessas instituições, mas um ganho essencial no desenvolvimento de cada aluno. Essas vivências são aplicadas com enorme sucesso em várias cidades brasileiras e têm o professor como o ponto central de atuação”, pontua Thiago. “É uma maneira de capacitar os estudantes e torná-los ainda mais preparados para os desafios do ensino e, consequentemente, da vida”, conclui.

Além de São Paulo, outros estados brasileiros se movimentam para contar com as PPPs na educação, tais como Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O especialista reforça que se trata de um movimento natural, que visa suprir as lacunas orçamentárias no ensino público – um dos fatores responsáveis pelo déficit em parte do ensino público nacional, tornando o uso dos recursos mais eficientes. “Incluir, ao menos na discussão, iniciativas de desenvolvimento socioemocional não só é essencial como urgente. Milhões de estudantes dependem da educação pública e fornecer estrutura e condições adequadas para o desenvolvimento de professores e estudantes , vai fazer a diferença no país do futuro”, finaliza.

Estudo lançado neste ano reforça o papel das metodologias socioemocionais na educação

Uma das referências em qualidade de ensino brasileiro está em Sobral, no Ceará. O estudo “Social and Emotional Skills: Innovative tools for direct assessment”, realizado na cidade pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em parceria com o Instituto Ayrton Senna, mostrou que a aplicabilidade das competências socioemocionais influenciou positivamente no desempenho acadêmico dos estudantes daquela região. O levantamento ressalta, ainda, o impacto no bem-estar psicológico dos jovens, o que também implica em conquistas no desenvolvimento pessoal. Essa é uma das primeiras pesquisas internacionais em larga escala sobre o tema, com dados de 2.200 estudantes de 10 anos e 2.300 de 15 anos de idade.

“Alunos mais preparados representam cidadãos mais capacitados. Os estudos indicam que a transformação que sonhamos passa também pela educação socioemocional. Por isso, nosso desejo é de que essa pauta também entre em discussão nesse momento determinante”, conclui Thiago.

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