Bancos regionais americanos são motivo de preocupação no mercado financeiro

No mês de abril, as dificuldades dos bancos regionais permaneceram sendo um motivo de preocupação no mercado financeiro global. Após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) em março, houve perdas de depósitos importantes em outros bancos regionais. O First Republic precisou de uma injeção de capital e acabou sendo vendido para o JPMorgan. Apesar dos problemas, o Federal Reserve aumentou a taxa básica em 25 bps em março e repetiu o movimento novamente em maio. Entretanto, a reversão abrupta do enxugamento do balanço do Federal Reserve, a grande captação dos fundos money-market nos Estados Unidos e o consequente fechamento das taxas das treasuries, podem ter sido efeitos colaterais dessa fuga de depósitos dos bancos regionais norte-americanos.

A economia norte-americana desacelerou no primeiro trimestre e cresceu 1,1% na taxa anualizada. O desempenho da maior economia do mundo representa um forte freio em relação ao avanço de 2,6% nos últimos três meses de 2022 e veio abaixo do esperado pelo mercado. Os novos pedidos de seguro-desemprego caíram para 230 mil, o que se configura em um número abaixo das expectativas. E o consumo das famílias cresceu 3,7% no primeiro trimestre, na maior alta em dois anos, evitando uma desaceleração ainda maior do PIB. Já o investimento em máquinas e equipamentos teve a maior queda desde a pandemia.

No Brasil, a indústria de transformação desacelerou. O faturamento real da indústria registrou recuo de 0,1% em fevereiro de 2023 em comparação com janeiro. A queda representa uma continuidade da trajetória de queda gradual do indicador iniciada no segundo semestre de 2022. Apesar disso, houve crescimento de 1,4% no indicador, na comparação com fevereiro de 2022. Diz o economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz que “o aperto de crédito ainda não se reflete nos dados de atividade, mas isso deve acontecer especialmente nas pequenas e médias empresas, que são grandes empregadoras no país”.

O real apreciou 1,60% frente ao dólar e o índice Ibovespa subiu 2,5% no mês, mas ainda negativo no ano por conta do cenário de indefinição macro e de crédito mais difícil após defaults de Lojas Americanas e Light. O principal evento que contribuiu para essa melhora pode ser explicada pelo novo arcabouço fiscal que, apesar de não ser ideal, mostrou a disposição do governo em atingir resultados mais favoráveis de superávit primário ao longo do mandato. Felipe Bernardi Diniz diz que, “por causa desta disposição, a curva de projeção de dívida/PIB ficou mais inclinada”. E segue “acreditando que a viabilidade fiscal passa pela capacidade de arrecadação do governo, fator de ainda baixa previsibilidade”. Os dados divulgados mostram uma atividade mais forte que a esperada, por isso, prevalece viés de alta para a projeção de PIB de 1,3% e primeiro corte da taxa Selic para setembro.

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