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Fintechs de mercados emergentes buscam melhorar operações

By DINO

October 13, 2022

A palavra “fintech”, abreviação para financial technology (tecnologia financeira), não apenas se tornou mais conhecida em anos recentes, como também os serviços oferecidos por startups que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais caíram no gosto das pessoas conectadas. Potencializada pela pandemia do novo coronavírus, quando a população foi orientada a não sair de casa, a tecnologia financeira passou a oferecer as mais diversas soluções, como conta digital, cartão de débito, cartão de crédito, empréstimos, seguros etc. Bastante desenvolvidas em países como Estados Unidos e Inglaterra, as Fintechs estão encontrando terreno fértil para se desenvolver em países emergentes, incluindo Brasil, Índia, Indonésia e Nigéria.

Globalização, inclusive, é tema-chave da classificação mais recente promovida pela CB Insights, a Fintech 250. Os vencedores representam 33 países diferentes. Pouco mais da metade (53%) das empresas selecionadas estão sediadas nos EUA, seguidas pelo Reino Unido (12%), Índia (6%), Brasil (4%) e Alemanha (3%). O continente africano marcou presença com 2%. A maioria das Fintechs permite que os clientes controlem os produtos inteiramente através de smartphones, sem nunca precisar pisar em uma agência bancária ou corretora. Vale dizer que as plataformas digitais vêm revolucionando um setor que atendia de maneira burocrática e demorada, mas ainda dependem de tecnologia de ponta para manter esse diferencial por mais tempo.

Dados da McKinsey revelam que a integração de nuvem com Inteligência Artificial (IA) está em ascensão entre as Fintechs, já que a computação em nuvem libera as empresas financeiras de negócios não essenciais, como infraestrutura de TI e data centers, ao mesmo tempo em que permite o acesso a serviços flexíveis de armazenamento e computação a um custo menor. Ao mesmo tempo, a nuvem está gerando novos formatos, como open banking e banking-as-a-service (BaaS), modificando o relacionamento entre clientes e provedores de serviços financeiros.

A consultoria também destaca o uso de ecossistemas de autenticação baseados em prova de conhecimento zero. Isso significa que os clientes estão usando informações compartilhadas entre instituições parceiras para fazer a verificação da identidade online, bem como reconhecimento facial, simplificando os procedimentos de autenticação e oferecendo acesso simplificado a vários serviços. Apenas as informações necessárias para cada transação específica são compartilhadas, enquanto todos os outros dados permanecem em segurança no servidor do provedor confiável.

Recentemente, a internacional Sumsub – que fornece soluções antifraude e conformidade – disponibilizou o 1-click KYC para usuários na Índia, Brasil, Nigéria e Indonésia, permitindo que empresas desses países integrem mais de 2 bilhões de usuários sem solicitar seus documentos de identificação. A verificação com um clique foi desenvolvida para atender à indústria de Fintechs, que demanda processos extremamente rápidos.  De acordo com Guilherme Terrengui, head de novos negócios da Sumsub no Brasil, essa tecnologia se tornou possível porque esses países emergentes já contam com bancos de dados governamentais que contêm dados como nome completo, data de nascimento, endereço, fotos, antecedentes e outras informações. “A maioria dos brasileiros, por exemplo, sabe dizer seu número de CPF de cor – justamente por ser solicitado em tantas operações”.

Saber quem é o cliente (KYC) é parte fundamental do negócio das Fintechs, já que, antes de integrar um cliente, suas informações precisam ser verificadas em um Programa de Identificação do Cliente (CIP) e na Devida Diligência do Cliente (CDD). Como a verificação manual das informações dos documentos necessários é demorada e propensa a erros, acaba aumentando o risco de fraude. Automatizar esse processo reduz o risco, reduz o tempo de processamento interno, garante a conformidade, cria uma trilha de auditoria e produz um ecossistema seguro.

Panorama das Fintechs em países emergentes:

Entre 2016 e 2022 surgiram 513 novas startups do setor financeiro no Brasil. Já são 1.289 fintechs atuando no Brasil, segundo dados do estudo Inside Fintech da consultoria de inovação aberta Distrito. Nesse contexto, o Brasil é protagonista, sendo o país que mais atrai investidores e, consequentemente, o que mais tem startups com o status de unicórnio (empresas que alcançaram o valor de mercado superior a um bilhão de dólares). Dos US$ 9,4 bilhões investidos em startups brasileiras no último ano, 40% foram destinados às fintechs. As startups voltadas a soluções financeiras são agentes importantes para mudar a alta incidência de desbancarizados latino-americanos, além de trazer mais eficiência nas operações financeiras como um todo.

A Índia está entre os mercados de Fintech que mais crescem no mundo, e conta com 6.636 startups de tecnologia financeira.  O tamanho da indústria de Fintechs foi avaliado em US$ 50 bilhões em 2021 e deve atingir US$ 150 bilhões até 2025. Esse ecossistema indiano tem uma ampla gama de subsegmentos, incluindo pagamentos, empréstimos, tecnologia de riqueza (WealthTech), gerenciamento de finanças pessoais, tecnologia de seguros (InsurTech), tecnologia de regulamentação (RegTech) etc.  Até julho deste ano, 23 fintechs ganharam o status de unicórnios com uma avaliação de mais de US$ 1 bilhão.

A Indonésia, maior economia do Sudeste Asiático, emergiu nos últimos dois anos como um dos maiores centros de fintech da região. Com 785 empresas de tecnologia financeira no final de 2021, a Indonésia é atualmente a segunda maior comunidade de startups desse tipo do Sudeste Asiático, perdendo apenas para Cingapura. A Nigéria também tem se destacado em Fintechs. O país tem mais de 200 milhões de habitantes, sendo que 65% têm menos de 35 anos. Isso tornou o país um polo regional no continente africano, além de inovações e desenvolvimentos que também estão ocorrendo. No entanto, 40% da população ainda se encontra financeiramente excluída. Na África, a Nigéria é considerada o terceiro melhor país em tecnologia, atrás da África do Sul e do Quênia.