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Endividamento: amostra indica 76,6% das famílias brasileiras

7/4/2022 – A falta da educação financeira não deixa que os brasileiros tomem atitudes assertivas, e isso ocasiona endividamentos cada vez maiores

De acordo com levantamento realizado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), endividamento de famílias atingiu o índice mais alto desde 2010; especialista fala sobre a necessidade de uma maior educação financeira para a população

A crise socioeconômica pela qual passa o país nos últimos anos, agravada pela pandemia de Covid-19, fez com que, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o percentual de famílias brasileiras com dívidas ou contas em atraso apresentasse em fevereiro o índice de 76,6%, o maior patamar desde março de 2010. Para efeito de comparação, há um ano, a proporção de famílias endividadas era de 66,7%.

Para Isis Ferreira, economista da CNC responsável pelo estudo, o alto índice de desemprego, que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), atinge 12 milhões de brasileiros, e o encarecimento do crédito no Brasil são fatores que impactam de forma acentuada na dinâmica do endividamento e da inadimplência dos consumidores. 

Analisando os indicadores de inadimplência das famílias brasileiras de forma mais detalhada, é possível, ainda, verificar um recorde no percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até dez salários mínimos (30,3%) e um aumento de dívidas na parcela das famílias com rendimentos maiores que dez salários mínimos, com um índice de 12,6%, o maior percentual desde abril de 2018.

De acordo com a consultora financeira Luciana Bettero, com a flexibilização das restrições da pandemia de Covid-19, há uma crescente tendência de endividamento em famílias com maior poder aquisitivo, “que voltaram a frequentar shoppings, restaurantes, fechar planos de viagens e gastar ‘descontroladamente’”. E uma das consequências deste panorama, para ela, é que esta parcela da população “voltou a usar o cartão de crédito sem pensar no amanhã”.

Consoante com a afirmação de Luciana Bettero, o cartão de crédito continua sendo o principal fator de endividamento no país, representando 86,5% do total de famílias endividadas. “Se usarmos da maneira correta, o cartão de crédito é nosso aliado. Porém, a maioria das pessoas não fazem desta forma. E quando não efetuado o pagamento da fatura por completo, os juros ainda maiores fazem afundar mais e mais nas dívidas”, diz Luciana Bettero que auxilia na organização financeira.

Já a tomada de empréstimo com taxas de juros altíssimos, em um contexto de taxa Selic alta (atualmente no patamar de 11,75%), também é, segundo a consultora financeira Luciana Bettero que é uma especialista em finanças para empresas e pessoas fisicas,  um fator de endividamento da população. “Esta é uma outra opção que vem sendo bastante usada tanto pela classe com maior poder aquisitivo quanto pelas classes de menor poder”, diz ela. “E se pensarmos que se para a classe considerada ‘rica’ já é difícil o amanhã depois das dívidas, para as pessoas que estão em situação financeira mais difícil, isso é ainda pior”.

De acordo com o Instituto FSB Pesquisa, em estudo realizado para a empresa de seguros SulAmérica, 36% da população adulta do país contraiu novos empréstimos ou dívidas em 2021.

Educação financeira

A questão da educação financeira, para Luciana Bettero, se faz cada vez mais urgente no país. “O que falta ao povo brasileiro, em geral, é uma organização, uma educação financeira, para que a população tenha mais qualidade de vida”, diz a consultora financeira. “Dívidas tiram o sono, perturbam e estressam. Então, é necessário aprender a controlar o dinheiro e não deixar que ele te controle, para que não tenhamos que viver para sempre matando um leão por dia, ou seja, trabalhando para sobreviver”.

Segundo uma pesquisa realizada entre junho e agosto de 2021 pelo Instituto Axxus, startup de tecnologia da Unicamp, 76% dos entrevistados reconheceram que não estão administrando bem as finanças pessoais desde o início da pandemia de Covid-19.

“A falta da educação financeira não deixa que os brasileiros tomem atitudes assertivas, e isso ocasiona endividamentos cada vez maiores, com juros absurdos, por não encontrarem meios de pagamentos”, afirma Luciana Bettero, que completa a dizer que “deveria desde já fazer parte da grade nas escolas”, completa a especialista.

Atualmente, há um programa neste sentido em curso sendo implementado pelo Banco Central. O projeto “Aprendendo Valor”, implementado inicialmente na rede pública de ensino fundamental dos estados do Ceará, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Pará, já está presente em todas as Unidades da Federação do país, levando educação financeira a crianças de 6 a 10 anos.

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