Agorafobia atinge 150 mil brasileiros, aponta estudo

6/1/2022 – Em tempos de mutação constante de Covid-19, sair de casa e retomar os encontros presenciais pode configurar um desafio a mais para pessoas com ansiedade

Cerca de 30% a 50% dos pacientes com agorafobia também podem sofrer de síndrome do pânico; para especialista, adoção de estratégias pode ajudar a vencer o transtorno durante a retomada

Mais de 150 mil brasileiros sofrem de agorafobia, conforme estimativa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O transtorno de ansiedade, caracterizado pelo medo de se envolver em episódios ou espaços que possam causar crises de pânico, descontrole ou vergonha, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico das Desordens Mentais (DSM, na sigla em inglês), tem sua nomenclatura proveniente do grego “ágora”, que diz respeito aos locais públicos onde as pessoas se reuniam, e “fobia”, que representa medo.

Jeferson Molina, responsável pela clínica Quantic Health, estima que cerca de 30% a 50% dos pacientes com agorafobia também sofrem de síndrome do pânico. “Além disso, diversos especialistas acreditam que a pandemia de Covid-19 pode ter ampliado o número de casos de pessoas que sofrem com o transtorno no Brasil, levando em conta a  personalidade e as experiências de cada indivíduo – sobretudo para os mais estressados e ansiosos”.

Com efeito, a ansiedade afeta cerca de 18,6 milhões de brasileiros, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). Em 2020, foram 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de ansiedade em todo o mundo, conforme pesquisa publicada no periódico científico The Lancet em outubro do último ano. 

Para Molina, passada a fase mais crítica da pandemia, a agorafobia deve afetar diversas pessoas na retomada das atividades presenciais. “Após mais de um ano de confinamento, a volta ao convívio pode causar ansiedade, seja para o trabalho, estudos ou atividades de lazer. Especialmente agora, em tempos de mutação constante de Covid-19, sair de casa e retomar os encontros presenciais pode configurar um desafio a mais para pessoas com estresse e ansiedade”.

Adoção de estratégias pode ajudar a vencer agorafobia

Na visão do especialista, com as novas variantes de Covid-19 – ainda que controladas -, a insegurança para sair de casa persiste na população de modo geral. “Muitas pessoas tiveram que se adaptar e deixar de viver suas particularidades. Agora, é preciso restabelecer os limites, adotando estratégias de adaptação, minimizando o desgaste e retornando à rotina anterior”.

O responsável pela clínica Quantic Health destaca que, aos primeiros sintomas de agorafobia, é preciso procurar um médico, que pode recomendar o tratamento com psicoterapia e medicamentos. Além disso, a adoção de práticas saudáveis, como uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos, pode ajudar a lidar com o problema.

“O paciente com um quadro de agorafobia precisa analisar onde está sabotando o seu estilo de vida e qual o seu ponto fraco. A partir daí, é necessário fortalecer essa fragilidade, com atitude e iniciativa de fazer o movimento para a prática dos bons hábitos. É preciso ter consciência e assumir que o alcance dos nossos resultados depende do nosso movimento”, explica.

Para Molina, um planejamento alimentar é um ponto importante para lidar com os sintomas ou preveni-los, bem como separar um momento do dia para a prática de exercícios físicos. Com efeito, a prática de atividade física regular diminui o risco de ansiedade em cerca de 60%, segundo estudo dos cientistas do Departamento de Ciências Médicas Experimentais da Universidade de Lund, na Suécia. A pesquisa da Frontiers in Psychiatry considerou informações de cerca de 400 mil pessoas.

“Além disso, ouvir uma frequência musical relaxante e investir em uma boa leitura também são elementos fundamentais para que possamos ter abundância e prosperidade em nosso estilo de vida. Em resumo, vivemos um momento de incertezas, quando muitos perderam a perspectiva de futuro, o que exige autocuidado com foco na saúde e no bem-estar neste momento de retomada”, conclui.

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