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Alto custo da energia elétrica exige atenção especial à manutenção de maquinário

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November 05, 2021

São Paulo, SP 5/11/2021 – A TPM envolve todos os funcionários da empresa, ocorrendo uma reestruturação que vai da cultura organizacional à cadeia de produção

Entre 2019 e 2021, a alta acumulada no preço da tarifa da energia elétrica beirou os 20%. Com o aumento da energia, as empresas precisam adotar medidas para tentar equilibrar os custos que serão repassados ao consumidor, também afetado pelos aumentos. Economizar energia também significa investir, especialmente em manutenção maquinário e de toda estrutura da empresa.

O alto custo da energia elétrica nas indústrias vai impactar em R$ 2,2 bilhões o Produto Interno Bruto (PIB) do setor ainda em 2021. É o que mostra um levantamento divulgado nesta semana pela Confederação Nacional da Indústria. A cifra se refere ao valor que seria economizado sem o aumento da energia elétrica. O estudo denominado “Impacto econômico do aumento do preço da energia elétrica” também avaliou as projeções para 2022 e estima que o impacto será ainda maior. A redução do PIB Industrial para o próximo ano deve se aproximar de R$ 3,8 bilhões.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no acumulado de janeiro de 2019 até junho de 2021, a tarifa média da energia elétrica aumentou 19,3%. Esse percentual é superior à inflação média apurada no mesmo período, que foi de 14,53%. Com o aumento dos custos, as empresas precisam adotar medidas para economizar ao máximo possível e tentar equilibrar os custos que serão repassados ao consumidor, também afetado pelo aumento da tarifa.

Nesse contexto, evitar custos também significa investir, especialmente em manutenção de maquinário e de toda estrutura da empresa, o que pode evitar o consumo desnecessário de energia elétrica. Uma das ferramentas ainda bastante utilizada para alcançar esse objetivo é a TPM, sigla em inglês para Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total, em português.

Criada no Japão, essa nova maneira de lidar com os processos de uma organização veio para o Brasil na década de 80 e ainda é amplamente usada com o intuito de garantir uma maior lucratividade e a melhoria dos procedimentos por meio do monitoramento da eficiência e da eliminação das perdas geradas no fluxo de produção. Estudo de caso desenvolvido em uma empresa em Caxias do Sul, mostrou que a implantação da TPM aumentou a eficiência geral das máquinas de 68,3% para 76,6% em dois anos. A produtividade da empresa – que produz peças, aumentou de 266 unidades fabricadas por hora para 379. Além disso, o retorno anual do investimento foi superior a 100%.

Segundo o especialista em mecânica elétrica e industrial Saulo José da Silva, a TPM tem a possibilidade de transformar a indústria de ponta a ponta, atuando de forma organizacional no comportamento das pessoas e de como elas lidam com os problemas que surgem nos processos de produção. “A TPM envolve todos os funcionários da empresa, ocorrendo uma reestruturação que vai da cultura organizacional à cadeia de produção. A ideia é detectar falhas antes da total quebra do equipamento”, afirma o profissional com mais de 20 anos de atuação na área.

Silva também explica que a aceleração de produção associada à competitividade do mercado trouxe a ideia de melhorar o processo de planejamento de manutenção, ou seja, ir além da simples manutenção corretiva de equipamentos. “O foco estendeu-se para a melhoria da qualidade dos produtos, redução de quebra de equipamentos e redução de acidentes de trabalho”, enfatiza.

Diminuir custos é apenas um dos resultados obtidos, pois a ferramenta modifica a cultura da empresa, possibilita uma mentalidade voltada ao compromisso da eficiência dos sistemas de produção, garantindo o envolvimento e um elo de compromisso de todos os colaboradores, os quais acabam se sentindo parte integrante da empresa.

Silva ainda cita que a metodologia possibilita a eliminação de perdas no sistema produtivo, reduz o tempo ocioso das máquinas, aumenta a produção e a lucratividade da organização, além de contribuir com a integração entre os vários setores envolvidos. “Essa ferramenta é capaz de gerar comprometimento entre os funcionários resultando em excelência de indicadores de desempenho e garantindo a confiabilidade no setor. Um poderoso recurso que transforma manutenção em lucro”, conclui o especialista.