Evitar o desperdício de alimentos é agir de maneira ecologicamente correta

São Paulo – SP 27/10/2020 – O relatório traz informações inéditas sobre o sistema alimentar brasileiro e contribui para um olhar sistêmico sobre alimentação no país.

As despesas com alimentação das famílias mais ricas é 165,5% maior do que a renda total das famílias mais pobres.

Um dos maiores problemas que assolam o mundo é o desperdício de alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, cerca de 1,3 bilhão de toneladas é perdido ou vai para o lixo, impactando a insegurança alimentar no mundo. “Este número corresponde a um terço de todos os alimentos produzidos globalmente”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).

As despesas com alimentação das famílias mais ricas é 165,5% maior do que a renda total das famílias mais pobres. Esse é um dos resultados do “Estudo sobre a cadeia de alimentos”, realizado por Walter Belik, com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), e apoiado pelo Instituto Ibirapitanga e Instituto Clima e Sociedade. O relatório traz informações inéditas sobre o sistema alimentar brasileiro e contribui para um olhar sistêmico sobre alimentação no país.

Em um documento síntese, chamado “Um retrato do sistema alimentar brasileiro e suas contradições”, estão os principais achados do estudo, organizados em 10 pontos, incluindo dados recém-lançados do IBGE e da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O lançamento dos documentos acontece em meio aos recentes debates sobre a revisão do Guia Alimentar para a População Brasileira.

“Esse estudo tem como objetivo analisar em profundidade o sistema alimentar, por meio da observação do momento atual brasileiro e das tendências nas estruturas de produção, consumo, distribuição e comercialização de alimentos. Com essa análise, conseguimos compreender melhor pontos mais precários que demandam priorização de políticas públicas no setor”, explica Vinicius Guidotti de Faria, coordenador de Geoprocessamento do Imaflora.

“Quais alimentos comemos, o quanto produzimos, consumimos, e quanto é perdido e desperdiçado, são, atualmente, os principais impulsionadores dos prejuízos ao meio ambiente e danos à saúde. Hoje, dois bilhões de pessoas no mundo encontram-se em níveis severos de desnutrição, enquanto dois outros bilhões são obesos ou estão com sobrepeso. Ambas as tendências estão aumentando”, enfatiza Vininha F. Carvalho.

Um movimento nascido em 2015 na Dinamarca usa um aplicativo batizado “Too good to go”, algo como “muito bom para ser jogado fora”, como a principal ferramenta para diminuir esse desperdício, informa o Doutor Vivaldo José Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A ideia é que restaurantes, lojas de fast food, padarias e outros estabelecimentos desse tipo, vendam no final do dia a comida que não foi consumida nos horários normais, a preços que na Europa oscilam entre três e cinco euros.

Os interessados em comprar essas refeições, contatam o estabelecimento de sua preferência, fazem reservas e pagam através do aplicativo; no horário fixado, retiram suas compras. Um detalhe: o conteúdo é surpresa, e as refeições vêm em uma embalagem chamada “magic box” (caixa mágica). Participam 45 mil estabelecimentos de 14 países da Europa e dos Estados Unidos, que já venderam 40 milhões de “magic boxes”.

Dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) em julho apresentaram um aumento de 132 milhões de pessoas no já alarmante número de 690 milhões de seres humanos passando fome. Um número que chega a representar quase 10% da população mundial. “Fica bastante clara a necessidade de que sejam desenvolvidos planos de ação visando propiciarem mudanças sustentáveis e concretas para combater esta situação. Vários modelos globais sugerem que a mudança da dieta e redução do desperdício de alimentos permitirá dentro de parâmetros ambientais saudáveis restaurarem a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas”, conclui Vininha F. Carvalho.

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