Porto Seguro 8/10/2020 – A queda na quantidade de peixes que se alimentam de algas na região tropical pode fazer com que os ecossistemas dos recifes percam a sua diversidade de espécies
Recifes são “porto seguro” para várias espécies e podem ser impactados pelo calor
O Portal Operação Porto Seguro teve acesso à pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que aponta para uma série de mudanças na configuração dos recifes de corais e migração de peixes do Caribe e do litoral brasileiro nas próximas décadas devido ao aquecimento dos oceanos. A queda na quantidade de peixes que se alimentam de algas na região tropical pode fazer com que os ecossistemas dos recifes percam a sua diversidade de espécies e tenham predominância de algas já em 2050.
De acordo com texto publicado na Agência Brasil, o trabalho projetou as interações tróficas – relativas à alimentação – dos peixes em relação ao aumento da temperatura dos oceanos. Os resultados demonstraram que as interações vão diminuir e que em algumas regiões haverá deslocamento geográfico dessas interações: aquelas que ocorriam, por exemplo, na região tropical vão migrar para a região extratropical, conforme explicou Kelly Inagaki, pesquisadora do Laboratório de Ecologia Marinha da UFRN.
Ela ressaltou que registros de órgãos como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a Nasa, a agência espacial norte-americana, mostram que a temperatura média dos oceanos tem aumentado ao longo dos anos. “Ações que reduzam a progressão e o impacto das mudanças climáticas são urgentes. Caso contrário, nós estaremos assumindo o risco de perder os ambientes recifais e todos os seus benefícios”, acrescentou à Agência Brasil.
Recifes são “porto seguro” para várias espécies
Os peixes recifais que potencialmente vão migrar dos trópicos são herbívoros e alimentam-se de algas majoritariamente, controlando a abundância desses organismos nos recifes. Conforme afirmou a pesquisadora, com o aquecimento do oceano, esse controle ficaria prejudicado devido à migração dos peixes para regiões fora dos trópicos, em busca de temperaturas mais agradáveis.
Uma das possibilidades é que os recifes de corais do Caribe, por exemplo, sejam transformados em recifes dominados por algas. Com o impacto no ecossistema recifal, os benefícios que os recifes oferecem também são afetados, como a pesca, proteção da costa e o turismo. “Por exemplo, no Nordeste, onde a gente tem uma atividade econômica bastante forte do turismo: se esses ambientes vão mudar, talvez essa atividade de turismo não vá ser tão forte quanto é hoje em dia, e é preciso pensar em alternativas para isso ou se preparar para o caso de essas mudanças acontecerem”, observou Kelly ao Portal da Agência Brasil.
Uma das possibilidades é que os recifes de corais do Caribe, por exemplo, sejam transformados em recifes dominados por algas. Com o impacto no ecossistema recifal, os benefícios que os recifes oferecem também são afetados, como a pesca, proteção da costa e o turismo. “Por exemplo, no Nordeste, onde a gente tem uma atividade econômica bastante forte do turismo: se esses ambientes vão mudar, talvez essa atividade de turismo não vá ser tão forte quanto é hoje em dia, e é preciso pensar em alternativas para isso ou se preparar para o caso de essas mudanças acontecerem”, observou Kelly ao Portal da Agência Brasil.
Segundo a pesquisadora, essas situações – como a observada na pesquisa – são resultados da vivência, da convivência e de existência humana. “Se quisermos mudar alguma coisa, temos que repensar o modo como vivemos. Temos usado recursos naturais de maneira incessante, sem dar tempo de a natureza se reorganizar em relação a isso”, conclui mencionando que a relação da sociedade com a produção de gás carbônico, produção e consumo de alimentos, poluição e produção de energia como elementos a serem repensados.
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