Testagem

Covid-19: Neoprospecta receberá R$ 1 milhão do governo federal para identificar assintomáticos em comunidades de baixa renda

Foto de Bernardo Salum/Neoprospecta

A Neoprospecta – empresa de biotecnologia catarinense investida pela Finep – receberá R$ 1 milhão da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), braço de inteligência do Governo Federal no setor produtivo, para a realização de testes em massa de Covid-19. Os diagnósticos serão focados na triagem de pessoas assintomáticas em estágio inicial. O investimento é resultado do Edital Startups & Comunidades, que envolvem soluções que contribuem com comunidades de baixa renda no enfrentamento da pandemia.

A Neoprospecta ficou em primeiro lugar no concurso, que contou com outros 52 projetos inscritos de todo o país. Além da iniciativa da empresa catarinense, outras três propostas foram premiadas e receberão incentivo da agência.

O projeto da Neoprospecta foi desenvolvido em parceria com a sua spin-off BiomeHub, que desenvolveu um método próprio de testagem em “pool” em que é possível testar com uma única amostra até 16 pessoas, reduzindo os custos da testagem e fornecendo diagnósticos RT-PCR, o padrão ouro no diagnóstico de Covid-19, em larga escala. Com este formato, enquanto os testes de detecção tradicional variam na média entre R$ 190 e R$ 500 por unidade, o valor do teste em grupo chega a custar apenas R$ 49 (sem coleta) e R$ 69,90 (com coleta para grupos acima de 120 pessoas).

“Especificamente dentro do edital com a ABDI, a ideia é criar uma plataforma de triagem populacional em massa para Covid-19 voltada para indústrias, serviços essenciais e áreas carentes. Isso irá permitir o isolamento precoce de pessoas portadoras do coronavírus e reduzir as taxas de transmissão do vírus em áreas mais vulneráveis e populosas, com um custo por teste até dez vezes mais barato que o praticado pelos exames clínicos”, afirma Luiz Fernando Valter de Oliveira, CEO da Neoprospecta.

Ao todo, a ABDI vai destinar R$ 2,5 milhões de reais aos quatro selecionados, divididos em R$ 1 milhão para o primeiro lugar, e R$ 600 mil, R$ 500 mil e R$ 400 mil, para os 2º, 3º e 4º lugares, respectivamente.

Apoio da mineradora Vale

A proposta da Neoprospecta também está entre os projetos de combate a Covid-19 selecionados para receber apoio da mineradora Vale. Por meio dessa parceria, foi possível aumentar a capacidade de testagem do laboratório da BiomeHub de 40 mil para até 60 mil pessoas por dia. O mesmo edital contemplou outros cerca de 1,5 mil testes (equivalente a 24 mil pessoas testadas) para doação ao setor público nos estados de Santa Catarina e do Ceará.

Concorrendo com outras 1.857 propostas de soluções em todo o mundo em cinco diferentes áreas de atuação, a Neoprospecta/BiomeHub foi escolhida na categoria “testes em massa”. 

Na seleção da Vale, feita em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e a Rede Mater Dei de Saúde, a Neoprospecta concorreu com outras 1.857 propostas mundiais e foi escolhida na categoria “testes em massa”, unindo-se a outras oito iniciativas brasileiras e duas do Canadá no combate à Covid-19 apoiadas pela mineradora. O investimento total da estatal é estimado em até US$ 1 milhão a ser distribuído entre as selecionadas.

Teste em “pool”

A testagem em larga escala de pessoas assintomáticas é uma estratégia aplicada no Brasil que teve como pioneira a BiomeHub, spin-off da Neoprospecta na área de tecnologia da saúde, que estabeleceu parcerias com entidades públicas e privadas nos estados do Sul, Sudeste e Nordeste, para realizar testes de triagem moleculares em grupos para viabilizar a retomada da atividade econômica com segurança. Mais de 40 empresas e entidades brasileiras já aderiram ao sistema de testagem, permitindo que mais de 30 mil trabalhadores realizem suas atividades laborais com segurança. A estimativa é de que até dezembro um milhão de brasileiros sejam testados pelo laboratório.

Conhecido como “teste em pool”, o método se baseia em testar ao mesmo tempo as amostras de até 16 pessoas. Nesse modelo de testagem em grupo, são coletadas duas amostras de nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta) de cada indivíduo assintomático. Um dos materiais coletados fica reservado em um tubo individual, enquanto a outra amostra é testada no modo coletivo (mais barato) no método RT-PCR em tempo real. Caso alguém do grupo esteja contaminado, são realizados os testes individuais e os mesmos ficam isolados até a descoberta de quem do grupo está infectado pela doença. Em caso de o “grupo testar negativo”, todos são liberados com um único teste. A capacidade atual de testagem desse método no laboratório da BiomeHub, em Florianópolis, é de 500 mil testes por mês.

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