Economia

EUA x China

Decretos do Trump contra empresas chinesas podem impactar a economia global

Em véspera para a eleição presidencial dos Estados Unidos, realizada no dia 3 de novembro, o presidente americano Donald Trump assinou um decreto na última quinta-feira proibindo por 45 dias qualquer tipo de transação feita pelo aplicativo ByteDance, pertencente a famosa rede chinesa de tecnologia TikTok, no país. A ação surgiu após o mesmo alegar que a companhia estaria coletando dados pessoais de americanos para compartilhá-los com o governo. Além disso, o governante também assinou um decreto contra a plataforma WeChat, do grupo chinês Tencent, que atualmente é o maior aplicativo de troca de mensagens instantâneas e transações eletrônicas para dispositivos móveis da China. O governo asiático respondeu as medidas dizendo serem uma “manipulação e repressão política, por outro lado, as empresas afetadas afirmaram que tomariam medidas contra tais ações.

Para Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, a situação é mais ou menos como os americanos fazem com as importações agrícolas de países emergentes, em que alegam risco de pragas para sobretaxar os produtos. “O nome disso é protecionismo, um liberalismo de 8º categoria feito às vésperas das eleições americanas com o objetivo de gerar populismo. No Brasil, como o foco são os produtos primários, quando o mercado internacional de commodities caia, tínhamos que taxar as importações para sobreviver. No entanto, não fomos um país protecionista porque escolhemos, mas porque não tínhamos escolha. Entretanto, quando os Estados Unidos faz isso, pode causar um impacto no comércio global, já que atualmente todas as empresas estão inseridas dentro do que chamamos de cadeia global de suprimentos. Todo processo é globalizado, e cada país tem um pedaço da fabricação. Do ponto de vista do comércio internacional, a melhor forma de fazer a economia crescer é acabar com as restrições ao exterior”, explica.

Silveira completa que quando vemos uma ação dessas, a reação do mercado é simples, quem tem negócio com a China vai se prejudicar, sendo que os EUA é o país com maior dependência. As empresas gigantes americanas se beneficiaram do crescimento chinês, barateando sua força de trabalho. Elas simplesmente transferiram a etapa braçal da fabricação para a China, tornando os produtos muito mais baratos e competitivos no mercado. Desta forma, os Estados Unidos se manteve como uma potência industrial, mesmo sem ter indústrias de verdade em seu território. “Portanto, quando Trump adota uma prática mais protecionista, ele acaba sinalizando para o mercado que as suas próprias empresas podem sofrer uma mudança na curva de custos. Assim, tendo que produzir com custos mais elevados, os lucros vão cair, os dividendos vão cair e a taxa de crescimento vai cair. No final, o grande risco dos próximos meses para as bolsas internacionais é a eleição americana. O presidente vai tentar correr atrás do prejuízo fazendo o que ele sabe fazer: brigar”, afirma.

Segundo Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, a medida tomada contra as empresas chinesas está sendo muito cotada, principalmente por parte das organizações americanas, e pode trazer uma oscilação no mercado se aplicativo for realmente banido dos EUA. Contudo, essa questão tem um teor bem mais político por trás. “Acredito que esse movimento mostra que o Trump está se fechando e tentando fortalecer a economia americana. Se o movimento for eficaz, e sabemos que ele tem apoio de outros países como, por exemplo, a Inglaterra que está proibindo o 5g do celular chinês, ele pode ganhar uma boa relevância para as eleições, ainda mais considerando isso em um país muito nacionalista como o deles”, enfatiza.

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