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Brazil-Florida Business Council, Inc. aponta necessidade de reforma fiscal para manter agenda econômica positiva

São Paulo 14/6/2021 –

O webinar foi realizado no dia 09 de junho, pela Brazil-Florida Business Council, Inc.

Foi realizado no dia 09 de junho, pela Brazil-Florida Business Council, Inc., organização sem fins lucrativos voltada à promoção de negócios internacionais, o webinar “Brazil’s Mid-Year Economic Outlook: Perspectives and Predictions” (Panorama Econômico do Brasil: Perspectivas e Previsões). O evento pôde ser acessado pelo Zoom.

Com a moderação de Lisa Schineller, diretora-executiva para rating soberano da S&P Global Ratings, a primeira apresentação do fórum foi feita por Adolfo Sachsida, Secretário de Política Econômica, na Secretaria Especial de Fazenda, do Ministério da Economia.

De acordo com Sachsida, foi lançado um pacote forte, que serviu de ferramenta da politica monetária do governo. “Na comparação com medidas fiscais e mudanças no PIB, outros países gastaram mais e não tiveram o mesmo resultado que o nosso. Nós realizamos medidas eficazes para os problemas trazidos pela Covid-19. O mercado esperava uma queda no PIB de 4,1%. Comparado com outros países, não foi tão ruim. O Brasil cresceu 1%, recuperação rápida em relação ao ano anterior. Isso demonstra que estamos comprometidos com nossa política econômica e que vamos progredir com a reforma fiscal. Ainda enfrentamos o desemprego alto, mas assim que vacinarmos a maior parte da população, esperamos aumento na taxa de emprego, na oferta de crédito e queda nas taxas de juros”, detalha o secretário.

Na agenda legislativa, salientou Adolfo Sachsida, foram preconizadas a reforma social e a revisão de acordos para dar apoio aos leilões de privatizações. “Desde julho de 2020 até agora, com o apoio do Congresso Nacional, criamos uma nova estrutura fiscal, conseguimos aprovar medidas importantes para diminuir a inflação, os juros e trazer mais investimento para o país. Aprovamos a privatização da Eletrobrás na Câmara dos Deputados (ela deve ser aprovada ainda essa semana no Senado), nova legislação de cabotagem e de câmbio. Nossos planos, em longo prazo, são a consolidação fiscal e o crescimento da produtividade”, ressalta.

Na agenda ecológica, 116 ativos foram privatizados ao longo de 2021. O governo reduziu em 10% a taxa de importação de quase 1.500 itens. “Concluindo, esperamos um bom desempenho do PIB no ano que vem, embora saibamos dos riscos, como uma nova onda de Covid-19 e problemas com a inflação, que atingirá seu pico entre junho e julho deste ano”, pontua Sachsida.

Pacotes de estímulo

Na segunda apresentação, Lisa Schineller questionou como Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, analisava o impacto da redução do ciclo de pacotes de estímulos no Brasil.

Para ele, a visão em relação ao cenário econômico do país é um pouco diferente. “A agenda fiscal é um problema de ontem, hoje e do futuro. O Brasil enfrenta um grande problema com a pandemia, com contração muito forte, mas com uma recuperação interessante que estamos observando. O oferecimento de pacotes de estímulo pelo governo afetou o PIB e teve impacto na política fiscal. No entanto, este é o sétimo ano que o Brasil tem déficit fiscal”, aponta Ramos.

“Na minha opinião, a economia melhorando 5% a 6% nesse ano é reflexo da pandemia, faz parte de recuperar o que foi perdido. Os números que vimos até agora não mostram progresso significativo. Os lucros com as commodities aumentaram gerando rendas extras para o governo, mas é difícil expandir. O Bolsa Família tem um impacto muito importante na renda das famílias e, na minha concepção, merecia ser aumentado e ampliado. Por fim, nós temos problemas maiores, economia mais frágil, carga tributária alta, altos gastos do governo. Além disso, os protocolos sanitários não foram bem implementados no Brasil, repercutindo nos custos”, relata o economista da Goldman Sachs.

Tendência de crescimento

A moderadora Lisa Schineller indagou sobre a tendência de crescimento no país para o palestrante André Loes, economista-chefe do Morgan Stanley para a América Latina. “Vemos uma baixa produtividade nos últimos 30 anos, com dois períodos de melhora, um logo após o Plano Real, nos anos de 1980, e outro no começo dos anos 2000. Nos demais, o crescimento foi praticamente zero. Também foi baixa a taxa de investimento. É importante manter os gastos do governo sob controle”, sinaliza.

Loes ainda assinala que é preciso criar condições propícias e um ambiente de negócios que atraia investimentos. “Nosso principal desafio é como voltar a um patamar que tínhamos antes. As regras fiscais precisam ser mantidas e não será fácil ao longo desse ano”, acredita.

Inflação e estímulos fiscais

Cassiana Fernandez, economista-chefe do J.P. Morgan no Brasil, comentou em sua palestra sobre as perspectivas de inflação e com a retirada de estímulos fiscais. Segundo ela, há certo otimismo. “Seremos capazes de reduzir a inflação abaixo de 5,8%. Há muito a fazer para atingir estabilidade quando falamos de inflação. No segundo trimestre, esperamos impacto importante na inflação. No curto prazo, temos crise energética e inflação como desafios estruturais. Esperamos que o BC consiga manter taxas a 6,25% para estabilizar a situação econômica do país”, assegura Cassandra.

Eleições em 2022

Adolfo Sachsida afirma que é preciso manter conquistas, sabendo das incertezas da agenda política com as eleições de 2022. “Temos que trabalhar arduamente para enfrentar tudo isso. Não cometeremos os mesmos erros do passado. Consolidação fiscal não é questão ideológica, isso em longo prazo causa queda nas taxas, nos preços, aumento do PIB, do emprego. Recuperação não é algo normal, é uma vitória importante para a nossa agenda econômica. Devemos manter os gastos governamentais mantidos sob controle em um cenário de crise, e seguir adiante na reforma fiscal”, assegura o secretário.

LATAM

De acordo com André Loes, da Morgan Stanley, “privatização é um consenso maior. A proposta é que todos os envolvidos vejam os benefícios”. Cassiana acrescenta que “a reforma fiscal vai gerar mais competitividade e produtividade”. Em relação à Eletrobrás, ela receia que a privatização gere aumento no preço da energia. “Uma privatização não bem-sucedida vai impactar na sociedade”.

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